quarta-feira, junho 30, 2010

Quem não mata, morre.

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O mundial e o medo de existir.
(...) O final do livro era previsível e despachado, com uma desenvoltura que contrariava toda a tensão dramática construída ao longo de uma narrativa espessa.
Já o apuramento para a fase final do mundial foi o que se viu. A equipa de todos nós andou sempre a correr com medo que a porta se fechasse e não pudéssemos entrar. O bilhete da passagem para a àfrica do Sul foi assim discutida até ao último momento, sempre com os nervos em franja. Depois, já em àfrica, no primeiro jogo da fase de grupos contra a Costa do Marfim, até parecia que estàvamos a confrontar a melhor seleçcão do mundo. Uma vergonha. Até tivémos medo de um braço engessado. A seguir, no jogo frente à Coreia do Norte, tivémos logo de enfrentar a ousadia dos chinocas que perceberam que a equipa das quinas, pela exibição que tinha feito no jogo anterior , não passava de um tigre de papel. Foi o erro que eles cometeram e a nossa salvação. Ao cavalgarem desalmadamente para a baliza lusa , os coreanos deixaram desguarnecido o seu reduto defensivo, que portugal naturalmente aproveitou . Se a Coreia tivesse adoptado a mesma estratégia que aplicou contra o Brasil, não sei não... Com o Brasil, o retrato da nossa participação foi decepcionante: uma estratégia ultra-defensiva, com o vergonhoso receio de não conseguirmos ser apurados, quando já era tão evidente aos olhos de toda a gente o apuramento e só um verdadeiro cataclismo podia anular o nosso ingresso à fase seguinte . A nossa sorte foi o Brasil não precisar de pontuar e perceber que o objectivo da equipa portuguesa era o de apenas empatar, garantindo assim à canarinha livrar- se da sempre incómoda Espanha. E, ontem, o que se passou? Sejamos justos, a nossa equipa, apesar da inquebrantável portugalidade que nos anima até ao fim dos 90 minutos, sempre à espera do milagre, não teve qualidade. É um facto. O tempo do Figo , Rui Costa, João Pinto, Paulo Sousa, etc, já lá vai. É a vida. Comecemos tudo de novo.


“Tourada”

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
... ... ...


Salvo raras e honrosas excepções, a maior parte dos nossos estimados treinadores contribuiram e continuam ainda hoje a contribuir para tornar o nosso futebol pouco atrativo, deselegante, defensivo E tragicamente inoperante . Poder-se-ia dizer que os treinadores portugueses, ao contrário, por exemplo,da maioria dos treinadores holandeses ( e agora também dos argentinos e dos espanhóis ), que aplicam o chamado futebol total, permanentemente ofensivo, repleto de técnica, criatividade e alegria, passam a vida inteira a aplicar uma filosofia de jogo que apenas confirma o pressuposto enunciado na tese do pensador José Gil quando afirma que o português é ontologicamente medroso - Basta observar atentamente as equipas portuguesas a jogar para
constatar de imediato a veracidade desta asserção: uma estratégia de retenção e lateralização permanente da bola ( quando nos deixam fazer isso ),empreendida no nosso meio-campo e reduto defensivo, que parece transmitir a falsa ideia de estarmos a dominar o adversário como se fossemos os melhores do mundo. Às vezes, até conseguimos lançar uns rápidos contra-ataques sobre o adversário, mas imediatamente regressamos a correr para a nossa casinha aterrorizados com a possibilidade de podermos vir a sofrer algum inoportuno golo . Por outro lado, e relativamente ao resultado desejado, adoptamos sempre uma estratégia em campo muito temerosa que nos leva a estar sempre com receio de perdermos a magra vantagem que ás vezes até conseguimos sobre o nosso adversário - Quer seja um resultado afortunadamente obtido à justa, quer seja na manutenção de um reconfortante empate que, por certo, dará sempre a garantia de algum futuro.
Somos pequeninos,na verdade,ou querem que acreditemos nisso .
Medo, muito medo, sempre.