segunda-feira, janeiro 21, 2013

Lavagem cerebral

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Até ali cordato e pouco dado a arrebatamentos emocionais, passou  com o decorrer do tempo a um registo mais exaltado, do tipo  taliban. A história é muito simples e igual a tantas outras: Vitor Pereira quis ser  treinador de futebol e por isso foi à luta para o conseguir. Desembaraçou-se bem no início da sua carreira, nomeadamente ao ultrapassar a barreira competitiva  que oferecem os clubes de bairro à afirmação de um  estatuto profissional, o que lhe permitiu o natural reconhecimento do mundo do futebol e, por consequência,  o passaporte para voos mais altos, com outros patamares de excelência. Por esse trajecto, recebeu um convite para ocupar um lugar de coadjuvante num clube de dimensão  maior, e, a partir daí , passou a sonhar com  o palco das estrelas, imaginando  chegar um dia a lugar tenente.  Foi com esse objectivo que então tirou o tirocínio, observando as boas práticas e fazendo o necessário trabalho de campo, enquanto era observado. O tempo corria de feição, tinha uma vidinha sem turbulência, desafogada e sem responsabilidades de maior e cultivava um sentimento de vaidade por militar num grande clube nacional. Mas quis o destino, porém, proporcionar-lhe um futuro mais ousado, com a janela de oportunidades que entretanto se abriu com a saída do treinador principal, convidando-o para assumir o tão desejado lugar de prestígio no clube ( o palco dos palcos para os tripeiros ) . De imediato, e também sem quase dar por isso, enquanto fantasiava  doces quimeras,  foi  atirado às feras , pobre Vitor , passou as estopinhas, pelo que dizem, muito embora fosse um intrépido defensor da camisola que envergava. Não fosse a persistência do padrinho em segurá-lo, no sentido literal do termo e dos arranjinhos bem conhecidos que este tenor consegue no sistema, e Vitor Pereira não teria ido muito longe. É que  nessa altura, de facto, ele foi injuriado e maltratado como nenhum outro pelo povo das Antas, e de tal forma o foi, que ainda hoje não pode ver  lenços brancos à sua frente. Com esta dose cavalar de animosidade e de desprezo projectada na sua pessoa, seria de esperar que o homem ficasse de vez vacinado contra o fundamentalismo destrutivo que grassa por aquelas bandas e condignamente apresentasse a sua demissão. Mas não, como não há mal que sempre  dure e bela sem senão, o nosso homem lá conseguiu dobrar o Cabo das Tormentas . E não apenas tergiversou, deixando-se levar nos braços da medusa, como , por hipnótico fascínio, começou a ser ainda  mais papista que o próprio Papa. Vitor Pereira é hoje um recorrente taliban, com tiques inusitadamente intransigentes, e de uma fidelidade canina posta à prova, quando se trata de defender o dogma. Em boa verdade e sem o saber , Vitor Pereira transformou-se  num exaltado homúnculo acéfalo, esforçado bajulador , cuja obediência cega aos ditames que vêm lá do alto não consegue disfarçar.