sábado, novembro 02, 2013

Fado

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Dados da Direcção-Geral de Saúde (que se referem ainda ao ano de 2012)  dão conta de que uma em cada 5 famílias portuguesas deixou de comprar carne ou peixe por falta de dinheiro.


Vem isto a propósito da aprovação do Orçamento de Estado para 2014 e do sentimento que  lavra hoje entre os portugueses por causa do Inferno que este Governo lhes está a causar. Na realidade, se por vezes não é fácil convocar estereótipos para assinalar um conjunto de sinais que se repetem , desta vez até parece que a bota bate com a perdigota. Senão, vejamos: o Rio de Janeiro está sempre a dizer-nos que a vida é este momento ( ainda à poucos dias falávamos da boémia carioca de Vinicius de Morais e da sua garota de Ipanema); Buenos Aires, vive acordada, como se sonhasse - por ventura ao som dos tangos de Carlos Gardel e onde a ficção alimenta os espelhos de Borges; Tóquio é a capital da abstracção, com o digital e a mangá erótica a tomar conta da vida das pessoas; Madrid e Barcelona, continuam com as suas fúrias e ganas. Gente muito apaixonada sempre a correr à frente das cornadas; Paris, do " comment ça va ", tranquíla e romântica, como sempre, a fazer "amour, tout court," nos Champs-Elysées; Roma. Ah, Roma ... ," che bella cosa", che bella donna, che dolce farniente" ( volta Berlusconi que estás perdoado) ; e Londres, a trepidante Citty,  embalada nas malhas do multiculturalismo e sempre a mostrar as vanguardas do mainstream; Já de Berlim, creio  continuar-se a ouvir o som arrepiante e inesquecível das botas cardadas; Agora  Lisboa, a Lisboa do fado menor, triste e lamuriento, a Lisboa que chegou a ser menina imprevidente nos anos brasa de 74-75, é hoje uma cidade triste e conformada com a sua sina. Lisboa é hoje a Capital do desespero, Lisboa é, trágica e coincidentemente, a capital do fado .