domingo, março 24, 2013

Subjectividade

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Disse há uns tempos António Damásio, eminente investigador português na área do cérebro,  que existe um novo modo de olhar o homem que provém das neurociências . Observa ele que uma das razões porque na história da filosofia e das neurociências  o mistério insondável que é a relação mente-cérebro continua ainda por decifrar, é porque nele repousa a verdadeira essência do homem, aquilo que o capacita para ser um ente  radicalmente diferente de tudo o maisSegundo Damásio, o cérebro era visto como uma coisa à parte do corpo, de tal modo que, quando a mente era associada ao cérebro, acabava por não estar ligada a ele, era uma coisa à parte. Esta visão, segundo o neurocientista, deformava a realidade, porque o cérebro faz parte integrante do corpo, e a mente " emerge " daí, de um todo único interligado, corpo-cérebro.
Este discurso  assaz atraente, que nos compulsa de imediato a reflectir, e  que apresenta,  aparentemente, um modelo de conhecimento muito bem estruturado, tem um pequeno senão: é que no seu âmago aparece  uma palavra-chave que reduz todo este elegante edifício racional a zero em matéria de ontogeneidade, e coloca uma barreira intransponível à assumpção de uma máquina com "alma" -  IA ( Inteligência Artificial Forte ). A palavra-chave é   " emerge ",  e torna-se o cerne do problema: a vã tentativa de materializar a mente. A mente " emerge ", diz-se. Mas "emerge " como? De que modo? Como se produz e acontece este fenómeno que é a subjectividade? E  que é a subjectividade ? Porque razão existe e como  de facto pode e pôde alguma dia chegar a  manifestar-se. Como é que nós chegamos a ter , por exemplo, a  experiência de comer uma maçã, com tudo que esse acto ( percepção ) implica, desde a representação figurativa, conhecimento totalizante do elemento e do contexto, até ao também implícito propósito ( Sujeito) e emoção,  em vez de um amontoado desconexo de "impressões" sem sentido, como seria mais razoável de serem,  incapazes de todo de gerar algo mais do que não fosse impulsos eléctricos e movimentos mecânicos e nada mais ? Os emergentistas acreditam que a mente, ou a consciência, é uma propriedade de sistemas complexos superiores e não o resultado do encontro fortuíto de átomos. Está bem. Mas como ? Como se verifica essa excepção na natureza, como é que acontece essa propriedade única e sem paralelo no resto do  reino da materialidade? Outros investigadores sugerem que o condensado de Bose-Einstein é a base da  Física da consciência. Defendem eles que a subjectividade ocorre quando a água-mãe ou líquido virginal, que corre no interior dos microtúbulos, fornece energia para agitar as moléculas das membranas dos milhões de células do sistema nervoso, fazendo com que estas emitam fotões e desencadeiem um movimento vibratório sincrónico ( tal como uma orquestra  que obedece ao mesmo diapasão ), tornando-se numa única entidade. Mas e daí ? Como é que essa unidade sincronizada transforma-se numa experiência do mundo ?