domingo, março 04, 2012

Os miseráveis

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O livro da vida
(...) Eles são os intocáveis, aqueles em que ninguém quer tocar, com os seus cartões, os seus plásticos, as suas peles duras e ressequidas. Eles não andam a caminho de nada, vagueiam apenas, ou dormem de olhos abertos, com o espanto de quem não é deste mundo. Durante o dia, o movimento da cidade torna-os quase invisíveis. Há demasiadas coisas a acontecer na cabeça de quem anda rápido na rua.(...)
A velha e agora ainda mais refinada democracia europeia
(...) Eles fazem do medo a sua arma e a nossa culpa. Culpa de termos acreditado, culpa por termos obedecido, culpa por lhes batermos as palmas, culpa porque os levámos a sério. Culpa por termos aceitado as propostas que nos fizeram. Culpa por não termos participado criticamente. E o nosso medo é a força deles. Medo do desemprego, da velhice, da solidão, de não termos médicos , de morrermos sozinhos, das reformas que vão minguando, de perder a casa que tanto custou a pagar. Medo da pobreza. E dizem-nos que assim é que está bem, calados, calados , submissos e sem queixas. Quanto mais calados nós estivermos, mais perto estaremos das soluções de futuros melhores, dizem eles.
Mentira. Quanto mais pagamos, mais devemos. Quanto mais sofremos em silêncio, mais direitos nos vão tirando. Se ficarmos quietos, sugam-nos o sangue todo. Continuamos a ouvir que tudo tem de mudar, mas tudo fica na mesma, e com os mesmos - uns a explorar, e outros ( a maioria ) a sofrer e a alancar , como sempre. (...)