domingo, dezembro 28, 2014

A cantiga é uma arma...

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Dizia José Mário Branco nos românticos idos setenta que a cantiga era uma arma contra a burguesia. Uma arma simbólica, metafóricamente falando, congregadora e disseminadora de ideias e vontades que ajudaria também, à sua maneira, a mobilizar o povo para a grande revolução.
Passados tantos anos sobre aqueles momentos tão exaltantes de " Abril " e depois de tanta água que correu por baixo da ponte, confrontar os recentes dados estatísticos sobre a pobreza infantil  com a insensibilidade social revelada pelo discurso do poder e não fazer nada, é correr o risco de soçobrar perante uma civilidade castradora e politicamente correcta - eles falam, falam, falam mas não fazem nada.
Então a cantiga é uma arma? 
Alguém um dia declarou solenemente que nunca nenhuma canção fez uma revolução. Transformar o status-quo de uma sociedade implica mais do que juntar rimas em três minutos. Concordo. Se calhar, também nunca deveríamos ter ornamentado as pontas dos fuzis com buquês de flores.
"A criança jazia subnutrida cheia de fome e a mãe procurava consolá-la :  - Vais para o céu, meu menino. A criança olhou para a mãe, abriu muito os olhos e perguntou: - há pão no céu, mãe?"