terça-feira, novembro 29, 2011

Reprise II

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Nietzsche anunciou a morte de Deus; Darwin destruiu o mito do Homem; Freud matou abusivamente o Pai, e agora, ao que parece, os neurocientistas assassinaram indevidamente a Mãe.
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O drama maior com que os neurocientistas se confrontaram até hoje ( e que jamais poderiam imaginar ) foi o de terem constatado que as suas próprias mães ( à semelhança de todas as mães da humanidade ) nunca gostaram dos filhos . Esta descoberta , que encerra em si todos os condimentos de uma autêntica tragédia grega, foi realizada nos laboratórios do instituto J.Craig Venter. A experiência, que foi conduzida pelos investigadores daquele instituto, veio claramente demonstrar que os afectos, tal como o restante cortejo de sentimentos, emoções e pensamentos estão indissociavelmente ligados à sede egoísta dos nossos instintos. Por isso, foi um tremendo choque para os nossos cientistas terem percebido que até o gesto mais desprendido e de amor sublime revelado por uma mãe que sacrifica a sua própria vida para salvar a do filho não é mais do que o resultado da presença implacável do seu "proto-egoísmo ".
Na verdade, para aliviar a pressão homeostática vital, ou equilíbrio psico-funcional, que é experimentado numa situação limite como esta, uma mãe morreria ( aparentemente ) pelo seu filho, para não ter que sentir e enfrentar a dor horrível ( se não morresse ) da sua perda. Neste sentido, ela não morreria por ele , mas sim indubitavelmente por ela, ou seja: pelo seu egoísmo . Teremos no entanto que realçar que estes processos genésicos não são percebidos conscientemente.
Assim, arranjar argumentos, doutrinas ou teorias que pretendam rebater esta ontogénica condição da natureza humana, é tarefa impossível. Não há como violar as suas leis. Tentar semanticamente induzir o contrário, é também reincidir na abusiva perspectiva da sua transcendência.