Atavismo
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É imperioso julgar todo um povo por ter cometido a infâmia de se deixar aprisionar na sua impotência e na sua cobardia. É urgente julgar todo um povo por ter cometido um suicídio cívico sem precedentes na história das nações. Enfim, um povo atavicamente medroso e coitado. Por isso, todos os dias quando pela manhã nos levantamos e enfrentamos o espelho para fazer a barba, nós, os portugueses, deveríamos, num acto de contrição e de arrependimento, penitenciar-nos, batendo três vezes com a mão no peito antes de proclamarmos bem alto e com bom som que, afinal, somos todos uns cobardes, apontando vigorosamente para a figura que se encontra do outro lado do espelho.
Mas não, ao contrário, somos todos uns patéticos heróis, sempre a armar ao pingarelho por dá cá aquela palha, que fazemos e acontecemos, capazes de engolir o mundo. Mas, como diz o novo ditado:" eles falam, falam, falam e não fazem nada."
Mas não, ao contrário, somos todos uns patéticos heróis, sempre a armar ao pingarelho por dá cá aquela palha, que fazemos e acontecemos, capazes de engolir o mundo. Mas, como diz o novo ditado:" eles falam, falam, falam e não fazem nada."
Somos assim, não há nada a fazer. Está na massa do nosso sangue, como se costuma dizer.
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