sexta-feira, maio 17, 2013

O síndrome grisalho

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Eles não sabem, ou não parecem saber que também vão chegar lá ( a velhos ), reconheço . No entanto à grisalhos e grisalhos.  Os cabelos prateados e bem tratados de um empreendedor , e ainda por cima engenheiro, como os do Excelentíssimo  senhor Belmiro de Azevedo nada têm a ver com o descolorido  grisalho de um trabalhador rural  alentejano. Ambos são reformados, mas a distância entre eles é mais que muita . Uma coisa são as elites , outra coisa é a ralé  - não há dúvida que  estamos sempre a esbarrar com  a eterna luta de classes. Mas, de facto, parece haver idosos com um estatuto de intocabilidade que lhes permite atingir e desfrutar desafogadamente ( e põe desafogo nisso ) da sua última fase da vida, assegurada por chorudas reformas, prebendas  e uma tranquilidade respeitada e revigoradora, enquanto outros, párias sem remissão , não apenas foram castigados por uma vida de trabalho duro e sofrido , como na hora de poderem usufruir das parcas regalias a que contratualmente têm direito, porque descontaram uma vida inteira de trabalho para o Estado, se vejam  ameaçados e psicologicamente afectados, senão mesmo em estado de pânico, com as medidas de carácter eugénico que esta gentalha que está no governo não tem pudor nenhum em aplicar. Depois de desrespeitados, ostracizados, roubados e manipulados,  colocá-los contra o muro de fuzilamento e abatê-los, até parece tarefa fácil.

O Cisma Grisalho, ou o síndrome da velhice, tal qual  é  (des)tratado por este governo ( que ficará de má memória ), fez-me lembrar um episódio recente dos cuidados urbanos de um presidente da câmara de uma cidade russa na Sibéria que, ao ser  confrontado pelos deputados locais sobre as medidas a tomar para responder ao número crescente de sem-abrigos, disse que infelizmente não tinha autorização para disparar, nem meios legais para acabar com eles.