domingo, janeiro 12, 2014

Uma reeleição irrevogável - Reprise

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(...) Há muito tempo que o inevitável sorriso ou, até, a ocasional gargalhada deram lugar a um ambiente de plateia em soarée de comédia. As pessoas decidiram que aquilo era para rir e, portanto, já tudo lhes serve para descomprimir. E, no entanto, ali à nossa frente está toda uma história de humanidade, de honradez, de palavra dada, de compromisso, de um inflamado defensor de causas. Sempre achei que não há temas sagrados, que  devemos rir de tudo. Mas devemos sempre rir com as pessoas, não das pessoas. E talvez seja por isso que os palhaços sempre me deixaram triste. A figura patética do palhaço faz-me inevitavelmente pensar numa existência infeliz, na falsidade da maquilhagem, na humilhação das violências auto-infligidas, no olhar desolado de quem se esforça e só consegue fazer a plateia rir pelo que é, não pelo que faz ou diz. Entra o palhaço, as pessoas preparam-se para rir. Entra o leão, e há que ter medo. Vem o Bispo, respeito. Entra o sem-abrigo no café , nojo. Chega o patrão, silêncio. Juntam-se os amigos, jactância. Separam-se as famílias, ódio. Revêem-se os casais, desprezo. Aparecem os famosos, curiosidade. Vem a senhora Juíza, compostura. Fala a  doméstica analfabeta, gozo (...)