sábado, outubro 24, 2015

Constituição escavacada

CONNECT !!!

Na sequência do acto  eleitoral de 4 de Outubro e da subsequente tramitação tendo em vista a formação de um novo governo, o senhor Presidente da República indigitou ontem o líder da coligação vencedora. 
Se o procedimento seguido até aqui por sua Excelência é perfeitamente legítimo e constitucional, não restando quanto a isso quaisquer dúvidas, já que ele é o fiel garante da Constituição da República Portuguesa, que jurou defender, e também o referencial de estabilidade segurador do regular funcionamento das instituições,  já a prédica antidemocrática proferida no acto da indigitação constitui-se como uma afronta a quase um milhão de portugueses, por implicitamente proclamar aniquilados os seus direitos cívicos e os seus votos nulos, pronunciando assim um entorse grave aos princípios fundadores do nosso regime, senão mesmo uma tentativa de golpe de estado. Para além, claro está, do facto vergonhoso de ter encapotadamente incitado os noviços deputados do Partido Socialista à sedição. É uma vergonha, Belém não é a sede do PSD. Para que foi então aquela encenação toda a ouvir o PS, o BE e o PCP, se ele já tinha a decisão tomada?
Cavaco Silva é um antidemocrata e um tiranete de trazer por casa, porque  afronta a lei fundamental do País, a Constituição da República, de uma forma cobarde. Na realidade, em lugar de proporcionar as condições necessárias de governabilidade e de promover a confiança dos portugueses, ele coloca antes de mais os interesses do seu partido, das instituições financeiras, dos investidores e dos mercados acima dos direitos e dos interesses do povo português. Portugal dá-se assim ao luxo, pasme-se, de ter um governo e um presidente que tudo fizeram e fazem para subverter ou eliminar a Constituição da República, sempre que isso atente contra os seus interesses de seita, como diz e bem Catarina Martins. 
Mas, por outro lado, penso também que " Cavaco Silva, em razão do conjunto de acontecimentos que fizeram a história recente deste País,  é hoje uma pessoa desconfiada, desconfiada de tudo e de todos, com medo até da sua própria sombra, sentindo-se perseguido por fantasmas que transformaram os seus sonhos em pesadelos. 
Mas a grande parte do povo, que é muito sabido nestas coisas, com certeza que irá dar a esta gente toda  a resposta adequada.
Já o mestre Vilhena, que nos deixou há pouco tempo, dizia ironicamente que o oportunismo instalado numa boa parte da nossa sociedade, que foi reciclada à pressa depois de Abril de 1974, plantou democratas da mais pura estirpe onde antes havia apenas colaboracionistas tementes.