segunda-feira, outubro 26, 2015

Epifania

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São oito horas da tarde, de um calmo e muito indolente fim de tarde de verão. O sol bate agora de viés, insinuando-se por entre as pestanas dos olhos como que anunciando a hora de se retirar; as silhuetas dos hoteis, que ficam ao fundo da praia, recortam-se agora em negro sobre a falésia fazendo lembrar vultos indefinidos de castelos de encantar. O espectáculo é avassalador. Ao longe, o grasnar das aves marítimas avisam as gentes da terra que as traineiras estão a chegar com os porões cheios de peixe, enquanto os mais inconformados aproveitam os últimos raios de sol para o derradeiro mergulho reparador. Entretanto, e para rematar este fim de tarde prodigioso e mágico, uma brisa suave retemperadora irrompe do nada, percorrendo o areal e a superfície das águas como um mensageiro do fim do dia que vem dar as boas novas aos mais castigados pela canícula. O momento é, na verdade, de redenção, parecendo até que a paz desceu sobre a terra, porque todos os elementos estão em harmonia. Por último, como que para encerrar o ciclo do dia nesta hora crepuscular, as sombras da noite descem de forma decidida sobre a praia, convidando os corpos, agora  satisfeitos e apaziguados, a darem lugar ao espírito.