sexta-feira, abril 25, 2014

De cravo a escravo

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Estão criadas as condições para surgirem novas levas de escravos.
Só os livres podem dedicar-se ao ócio e ao descanso, à liberdade de poder ser, como atributo ontológico fundamental, de viver em alegria e com muita diversão, porque os escravos encarregam-se do trabalho. Os escravos nasceram apenas para tornar confortável a vida dos senhores. Trabalhar , produzir e empobrecer, eis a sua condição, um fardo ou um castigo que carregam para toda a vida, uma marca indelével inscrita no seu código genético. 
Mas muita atenção, fazendo fé ou confirmando a teoria evolucionista, na sua vertente social ( tão grata à ideologia da direita liberal ), eu acredito," parce que je suis un neodarwiniste, tendance gauche, que em todas as circunstâncias, no decurso do desenvolvimento das espécies, o recurso a meios violentos é a resposta mais adequada para resolver problemas, sempre que estejam em causa as condições básicas de sobrevivência -"Para a próxima , a manifestação não vai ter este cariz" , dizia convictamente um dos representantes dos militares. Pois é, acrescento eu, para dar tiros na altura certa é que os povos pagam aos militares.
A revolução era maravilhosa na nossa cabeça, nunca contavamos era com os outros , os outros que faziam a contra-revolução.
Estou desiludido com tudo isto, porque a única conquista que resta de Abril, intacta e até hoje, é a liberdade de expressão: o facto de podermos ainda falar sem restrições, sem a desdita de sermos presos por isso. Falar, falar, falar e voltar a falar , até à exaustão, mas nada mais. 
Dizem que há muito as comemorações do 25 de Abril suscitam o mesmo tipo de entusiasmo como uma visita a um museu. Pois bem, só há uma forma de comemorar e consagrar Abril com devoção: é fazer de vez a revolução. Porque sem o mínimo de confrontação e sem uma certa dose de radicalismo revolucionário não se conseguem abalar as estruturas de poder nem instaurar um novum político, que todos desejamos. Não podemos é ficar eternamente reféns de manifestações, comícios, greves, jornadas de luta ou de qualquer outro tipo de brique-a-braque lírico, enquadrados em partidos e organizações que, por também estarem instalados, apenas capturam ou constrangem a vontade e a indignação do povo . É preciso fazer alguma coisa, senão eles comem-nos vivos.
Porque depois de chegados aqui, passados 40 anos do dia da libertação, e de voltarmos a comer o pão que o diabo amassou, é tentador não constatar essa ideia peregrina de que os militares apenas cometeram um erro crasso na sua apreciação, pois quiseram conciliar a mão que matava com os peitos baleados, quiseram unir as mãos calejadas que nas fábricas transformam a matéria prima, com as mãos que empunhavam o chicote. Obviamente que o resultado só poderia ser este: um País novamente nas mãos das mesmas famílias que o dominaram até ao 24 de Abril, um poder político e económico nas mãos de uma minoria mafiosa que entretanto se refez, instalou-se e sofisticou-se e que continua à mesma montado em cima do povo, como antes, a exaurir todos os seus recursos através do Estado  (Faz-se tarde...). 
Danke schön! 
-"Como devem calcular, ao tomar as minhas decisões eu não me deixo levar por nenhum nervosismo especial. Consigo dormir com muita tranquilidade e sem nada a pesar-me na consciência. Sinto muito, mas não me falta o sono, não me dói o estômago, nem me falta o apetite. Coisas da vida , percebem? Bem pelo contrário! Não sabem nem imaginam até, a enorme satisfação que me dá em torturá-los e  lixá-los, sempre que posso. Babo-me todo de prazer a vê-los cair que nem tordos pelas medidas que implementei no sistema nos vários escalões da minha administração; não sabem nem imaginam o frémito que se apossa de mim quando os vejo como baratas tontas sem saberem da vida, porque os desprotegi . Apenas me vou apaziguar quando a vendetta for cabalmente terminada ".