segunda-feira, junho 22, 2015

As intermitências da memória, ou uma declaração de amor?

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Por vezes fico surpreendido ou exasperado, até, quando alguém me fala de coisas ou de factos de que eu não tenho aparentemente notícia ou a mais pequena lembrança. São as intermitências da memória, recordações de pessoas, lugares e atmosferas que deixámos para trás no tempo, esquecidas pelo homem, e hoje já transformadas em ruínas cobertas pelo pó.
- Um conjunto de circunstâncias necessariamente traumatizantes tinham-na levado aquela dramática situação. Vivia os dias em permanente estado de pânico, com os nervos praticamente desfeitos e já sem forças para resistir mais. À noite, antes de se deitar e julgando já não acordar na manhã seguinte, despedia-se convulsivamente dos filhos como se aquela fosse a última vez. Quando, finalmente, chegava à cama para se deitar, a tremer de medo e a soluçar, já completamente perdida da sorte e da vida, dizia para o companheiro que ia acabar ali. Mas ele, muito carinhoso e perseverante, respondia-lhe sempre do mesmo modo:" Agarra-te a mim, agarra-te a mim com muita força que eu não deixo que te aconteça nada. O mundo não vai acabar, acredita, é apenas mais um dia que passou. Dorme meu amor, dorme tranquila que eu estarei sempre aqui a velar por ti."