Ao povo grego
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Eles sabem por que lutam, ou melhor, eles sempre souberam por que lutavam, já que tomaram consciência rapidamente que estavam numa selva, e, para manterem o domínio sobre os outros, teriam de garantir permanentemente o seu Status Quo. Nós deveríamos ter feito o mesmo, nós deveríamos de os ter imitado, mas deixámos que eles nos reduzissem à condição de escravos.
O ambiente hoje é de glamour e de vitória. Mais uma vez ganharam a guerra e dominam - já Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, confirmando a velha tese de Marx, fala na existência de uma guerra surda entre classes sociais, saindo a dele sempre vencedora dos desafios que trava. Por isso, as bebidas hoje são à descrição e as drogas ( bem pesadas) de consumo aberto e à mão; os automóveis, topo de gama, e os rapazes e raparigas, seres apolíneos e vénus de milo. Ninguém trabalha e tudo brilha, como no Olimpo. O tempo é de celebração e festa, há que comemorar e rejubilar com a dádiva dos deuses.
Entretanto, no cavername desta barca hedonista, no meio do caos e da instabilidade instalada, trabalham os escravos para alimentar o prazer e o ócio dos seus amos e senhores, uma minoria plutocrata, apoiada por uma matilha de mercenários e lacaios de todo o género, todos muito bem remunerados e nutridos, e disseminados por todas as áreas da sociedade, que os auxiliam a perpetuar-se no poder através do uso da força ( quando necessário ), da coacção, do medo e da chantagem, estancando todos os focos de indignação e revolta que apareçam.
Até um dia, até ao dia em que os escravos disserem pela última vez, basta, e daí partam, desapiedados, para uma longa noite de terror, em modo selva, como no distópico "Mad Max", porque tomaram consciência de que a resposta às suas preces não se encontra guardada num reino dos céus, mas sim no fundo da sua natureza animal e do irredutível darwinismo que a sustenta, tal como invectivava Nietzsche sobre as feras louras amordaçadas.
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