quinta-feira, maio 22, 2014

Palavras,palavras,palavras = Demagogia

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Mais do que se encontrarem na posse do dinheiro e, por consequência, montados no cavalo do poder, os donos do mundo exercem hoje a sua autoridade e influência de uma forma mais capciosa e mais inteligente, porque estão sujeitos ao escrutínio de uma sociedade mais evoluída ,formada e democrática. Esta plutocracia, que se movimenta no reino das sombras e manobra com os seus títeres de serviço, ao ter de cumprir as regras do jogo democrático, para continuar a manter o domínio sobre os povos, teve de arranjar uma estratégia que a pudesse levar a alcançar os mesmos resultados, mas agora sem ferir as normas institucionais dos regimes modernos ( ? ), ao contrário do que acontecia outrora ou que ainda acontece actualmente nas ditaduras, que não estão sujeitas a nenhum tipo de escrutínio e por isso exercem uma autoridade discricionária, musculada, muitas vezes com o uso excessivo da força - de qualquer forma admito perfeitamente que estas entidades ocultas possam vir a alterar o cenário onde se movimentam sempre que as democracias não consigam satisfizer de todo o seu acesso ao poder e ao dinheiro. 
Nos regimes em que o poder, os conflitos e os interesses se decidem, em última análise, através do voto nas urnas, ou seja, através de formas institucionais e democráticas da disputa pelo poder, quem estiver na posse da palavra dominará os povos e os seus recursos, pois só elas poderão legalmente ser esgrimidas para aceder ao trono. 
O curso da História pode aparentemente ser ditado pela força das armas, mas é no plano das ideias, que as precedem, que os conflitos se resolvem, tendo a palavra e quem a usa uma influência determinante no desfecho dos acontecimentos. É, pois, através da persuasão e da mobilização activa das pessoas que a palavra pode subverter as consciências. E de tal forma o faz, que por vezes leva os incautos à irracionalidade e à loucura, levando-os a cometer disparates ou o crime insano de lutarem contra si mesmos, contra os seus interesses, imaginando inimigos,cabalas, estereótipos e o diabo a quatro. Arrolemos, para o efeito, o exemplo de Sócrates e do depreciativo substantivo a ele associado como sistema perigoso - Socratismo- para percebermos até que ponto a palavra pode conjurar até à inanição. Vejamos, então: Socratismo - termo, neologismo inventado pela direita, variedade de racismo transposto para a esfera política , uma velha receita utilizada para colocar o irracional ao serviço de interesses inconfessáveis. Socratismo, vocábulo usado com o único objectivo de convidar os portugueses a não pensar , a não analisar, a torná-los estupidamente manipuláveis para não se darem conta, por exemplo, da catástrofe que entretanto se abateu sobre o País com a chegada desta maioria de direita ao poder. Socratismo, é assim, preto no branco, uma espécie de terapia de choque que visa soltar a besta que há dentro de nós, à boa maneira da Inquisição, para exigir um auto de fé. E porquê tudo isto? Para esconder uma governação ruinosa, para tapar os nossos olhos pelo descalabro total das contas públicas ( à cabeça, a impagável dívida do Estado que se situa agora nos 130% do PIB ), para ocultar a vergonhosa corrupção que campeia na venda das empresas públicas, nos contratos de favorecimento, nas consultadorias convinientes, etc,  parecendo até que existem máfias organizadas a operar nos negócios do Estado, minando assim os alicerces da nossa soberania e fazendo de Angola e da China hoje os novos proprietários de Portugal. São tantas as malfeitorias feitas ao País e ao seu povo ao longo destes 3 anos que a História mais recente recusa-se a acreditar em tamanha traição.
Portanto, a palavra e o orador desempenham um papel fundamental no modo como orientam e conduzem as massas, os auditórios e as plateias, convencendo os cidadãos a seguir as suas ideias e argumentos, levando-os a interpretar a realidade segundo o modelo que eles próprios defendem e a avaliar os acontecimentos de acordo com a sua ideologia ou o seu ponto de vista político. Por isso, mente-se hoje com tanta ligeireza como nunca antes se mentiu. A palavra foi confiscada pelos partidos políticos e pelas suas sacerdotisas. Até parece que a verdade perdeu o seu valor facial, não sendo mais o instrumento ordenador e regulador do sentido e da realidade . É como se Wittgenstein nunca nos tivesse alertado para o peso soporífero e enganador das palavras, quando os conceitos que a elas subjazem derrapam perante a natureza da realidade quando aplicadas fora do contexto único que lhes dá o verdadeiro sentido. A demagogia, a manipulação, a mistificação, a encenação, a palavra fácil, a duplicidade de sentidos, os jogos de poder, etc., são hoje publicitados nos mídia (especialmente na televisão, como meio preferencial de propaganda e arena política )como verdades insofismáveis, como produtos certificados por autoridade reconhecida e vendidos por gente sem escrúpulos nem vergonha nenhuma. São os avençados do costume, tentando vender a banha da cobra a todo o transe. Uns por isto outros por aquilo ( taxos, prebendas, sinecuras etc. Raros são os prosélitos), mas todos concorrendo no mesmo carrossel para enganar o povo. E o povo já não sabe em quem acreditar. Ruíram os alicerces da confiança, perdeu-se a fé na seriedade e na honra, e o futuro apresenta-se negro. 
De todo o modo, e reflectindo agora sobre as consequências nefastas que o próximo acto eleitoral pode ter na vida dos portugueses, poder-se-ia sugerir ao cidadão anónimo que execute um mero exercício de contabilidade primária, mesmo que depois as sereias os tentem seduzir com as suas doces e afectuosas vozes. Comparemos então o dinheiro que tínhamos nos bolsos antes desta maioria ser governo com aquele que temos hoje; comparemos as novas fortunas que foram feitas neste período, somadas aquelas que se multiplicaram ainda mais ( ainda há dias a comunicação social fazia eco dos milhões que três "patriotas" acrescentaram às suas já folgadas fortunas nestes três anos de Troika ) com o empobrecimento generalizado da população e tiremos definitivamente a prova dos nove. Como foi possível este "inconseguimento" ? E lá voltamos nós à vaca fria . Foi através da palavra, e sempre da palavra. Nas vésperas das eleições, como se pode comprovar, as palavras voltaram novamente e profusamente a tombar sobre o povo. Mas só se deixa enganar quem quer. Basta! Mudemos o curso da História.