domingo, fevereiro 23, 2014

A ilha dos coelhos

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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

O inferno na Ucrânia

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Os Urcos da Sibéria

(... )
Quando o muro de Berlim caiu, tinha eu nove anos. Fui a casa do meu avô e fiquei surpreendido porque ele estava a ver a televisão russa, coisa que ele nunca fazia. Estava triste, o que para mim era estranho. Afinal caía o Comunismo, tudo por que tinha lutado na vida. O seu maior inimigo desaparecia agora, porque estava ele triste? Mas ele respondeu: " sabes, Nicolai, realmente odeio os comunistas, é um sistema totalitário, mas é um sistema. As pessoas que vierem agora não têm sistema, é o caos. Tenho medo que o caos se instale, porque nesse caso morremos todos. Não temos mais ideologia, não temos mais nada. Pessoas sem honra, sem ideias, pessoas que só querem fazer dinheiro e ter poder. Na tua geração, tu e todos os teus amigos, muitos morrerão, porque ninguém sobrevive aos caos.
Não era apenas a transição para a democracia, era também a guerra civil. Foi uma infância de guerra, uma matança indiscriminada, não havia pão nem água. Desde cedo habituei-me a procurar armas, munições e comida nos corpos mortos na rua. Não tinha medo desses mortos, habituei-me. Éramos crianças, e para nós aquilo era quase como um jogo (...)  

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

O leitão de Miró

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Medo suspende leilão de pinturas de Miró na Christie's
Parece que seria para comer à tripa-forra, e com certeza que haveria sempre uma forma ( legal ou ilegal ) de contornar os obstáculos que por ventura se apresentassem , não fosse o descaramento já ir longe demais. 
Entretanto, o revolucionário Francisco do Vaticano, timoneiro intimorato da santa redenção, na sua mensagem da Quaresma voltou a atacar o poder, a corrupção, o dinheiro e o luxo que se tornaram ídolos que impedem a "distribuição justa da riqueza.
Que dirão os seus acólitos do governo de Portugal?

terça-feira, fevereiro 04, 2014

A maiêutica do Destino

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Pensamos estar investidos de grande poder e autoridade quando atingimos o que, afinal, ele programou. Faz-nos acreditar que calcorreamos a estrada pelo nosso próprio pé e exultamos de felicidade quando gritamos por " eureka! ". Pobres criaturas, presumimos que temos ideias próprias, outorgadas pelo livre-arbítrio, e depois ficamos com um sentimento delirante de liberdade. Mas o guião da nossa pequena história já foi escrito há muito. No fim, ainda julgamos mandar no jogo, mas é sempre ele que passa a certidão de óbito.

A ignorância é maravilhosa-"eu estou vivo e sou eternooooooooo!"

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A ignorância é na verdade maravilhosa, mas quando somos obrigados a apurar o "ouvido" para escutar o som primordial, em razão da ocorrência de situações extraordinárias que não controlamos e que sem querer nos remetem para o inferno das nossas perplexidades, por certo ouviremos angustiadamente o nosso próprio eco a reverberar nos confins do Universo, porque não haverá mais nada para além dele. Ou se fizermos fé na nossa secreta visão interior para conseguir enxergar o rosto da criação, de certeza que a imagem que surpreendentemente surgirá no espelho das nossas cogitações será apenas e tão-só a de uma montanha de impossibilidades , um simulacro perfeito que foi monumentalmente construído para ocultar o facies da mortalidade - sendo que o espelho é aqui uma mera metáfora das nossas incapacidades. Mas há quem, ao arrepio deste enquistamento material, consiga perceber que para lá do muito prosaico cenário do real existe um outro mundo, um mundo de fenómenos inexplicáveis cuja lógica é desconhecida e desconcertante, um mundo outro, inconciliável com a mundividência científica e que sugere haver uma espécie de plano superior, uma matrix, um campo de ponto zero onde tudo é programado e recriado sem a aparente existência de coisa alguma.

Aquilo que por convenção designamos por realidade, ou cada uma das suas partes; enfim, o objecto de que o sujeito precisa para se autenticar e outorgar o teatro do real, está mais próximo de ser um símbolo, ou seja, está mais próximo de ser um sonho do que de uma coisa verdadeiramente existente, tal como é magicamente percebido.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Jorge Jesus e o síndroma de Mamede

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O superior gozo de ver a bandeira a subir no mastro e ouvir a portuguesa, era tudo o que queria. Mas apesar das capacidades físicas extraordinárias, Fernando Mamede carregava em si uma espécie de síndroma caracterizado pela forma como cedia frequentemente à pressão da competição. Nos grandes momentos, nos momentos decisivos em que as expectativas são muito altas, nos momentos em que é imperioso claramente  ganhar e derrotar os adversários, exibindo aquela  fibra que só os grandes vencedores têm - deuses-heróis que são capazes de arrancar ondas de entusiasmo nos estádios e nos seus países -, ele claudicava. Encovado e assustado, lavado em suor e a denunciar no rosto uma angústia tremenda, Fernando Mamede desistia e entregava os pontos aos adversários. Foi uma pena.