terça-feira, maio 29, 2012

O cortador de Relvas

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No País enganadoramente regular e democrático em que vivemos existe uma ficção mais profunda. É por essa razão que muitas vezes é necessário introduzir uma reflexão encriptada para podermos perceber as cifras ininteligíveis e os fantasmas que aparecem na espuma dos dias, que é o chiqueiro em que se transformou a nossa política. Mas para os mais cínicos, tudo isto é demasiado óbvio , porque esta é que é a verdadeira e grande Política...

Há pessoas que conseguem mentir com toda a pose estudada de seriedade - Não é defeito, é
feitio... Habitualmente, quando confrontadas com factos que atingem a sua excelsa
honorabilidade, reagem vigorosamente, como se fossem virgens ofendidas, tentando com isso
captar simpatias e sentimentos de pena. É digno de se ver este teatro da indignação, já
muito rebuscado, convenhamos, mas que continua a merecer por parte de uma opinião pública
muito permeável a ais bem soluçados, uma larga empatia e solidariedade. E o objectivo da
criatura é só um : inverter o ónus da prova . Em geral, estas farsas, encenadas em
ambientes carregados de gravidade institucional, para dar mais credibilidade à narrativa, até
são bem sucedidas, porque depois já não se sabe bem o que aconteceu , quem fez o quê e a quem , e qual foi , afinal, a matéria de tão grande controvérsia
.

segunda-feira, maio 21, 2012

Bee Gees - Zeitgeister

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Estava a estacionar o carro quando a notícia se fez súbita no éter :"Morreu Robin Gibb". De imediato um rol de lembranças atravessou o meu espírito e tomou conta do presente. Já não era ali que estava, o ruído de fundo era outro e o imaginário cavalgava agora livremente por entre as brechas do tempo à procura de um sonho perdido. E por mais que a retina se esforçasse por conseguir prender-me à realidade, a magia e a sedução dos " Sixties" estava novamente de volta através daqueles sons virginais e com isso enfunava a minha cabeça - "I Started a Joke..."
Apesar da tristeza do acontecimento e do convite ímplicito à sobriedade da alma, o insight era no entanto outro : um "id paradoxalmente cognoscente" e liberto das amarras dos automatismos e do hábito, compranzia-se agora numa deriva inebriante, feita de cromatismos existenciais muito fortes, muito subjectivamente sentidos, com uma tonalidade emocional só comparável aos estados alterados de consciência, tentando reviver uma época que terá permanecido fossilizada na memória , não fora alguns fogachos de um ou outro "déjà vu" resiliente. Foi assim um autêntico despertar, como se de um mecanismo de activação remota se tratasse. Ali estava eu de novo, a fruir o encantamento de uma época que não voltará jamais, a percorrer outra vez os espaços sagrados da juventude, e a sentir o genuíno pulsar da vida - um tempo fabuloso de resgate e de redenção. Mas este "flash back" alucinante, que durou apenas uns breves instantes, tal como quase todas as lembranças que nos chegam do palco das revisitações, é feito de fragmentos imprecisos, de memórias fugidias e indefinidas que o tempo se encarregou de enovelar, uma espécie de lusco-fusco que torna a representação da realidade um mundo de sombras e de impressões indistintas.
Por momentos, pensei que tinha roçado o lugar de nenhures, uma dimensão poética e virtual perdida no espaço-tempo da nossa sensibilidade, um lugar demiúrgico que naquele instante se fez ouvir para me dizer simplesmente que ainda e apesar de tudo estava vivo.
" Morreu Robin Gibb".

"I Started a Joke..."

domingo, maio 13, 2012

A Uni(per)versidade de Passos

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quarta-feira, maio 09, 2012

El cielo

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terça-feira, maio 08, 2012

Hollande ?

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O homem que veio para estragar a festa.
O Império do Mal

domingo, maio 06, 2012

Chegou a tua hora!...

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Lá do alto "Alguém" encenou a rábula e executou com perfeição a tarefa. Trágicas marionetas nós somos, vivendo ao sabor do acaso ou da necessidade sempre à espera do desfecho final, que logo se avizinha. É um combate inglório, sem nenhum consolo ou redenção, contra um destino fatal que não dá tréguas nem permite uma réstea de esperança para conseguir, nem que fosse por um golpe de asa, a libertação das grilhetas da óbvia realidade . Apesar de todo o aparato tecnológico e científico, a vida humana continua a ser imprevisível. Somos filhos da boa e da má sorte e de um Universo indiferente e sem Justiça - seja ela divina ou natural . Por isso continuamos, por isso prosseguimos, impertubáveis como sempre, a caminhar tranquila e alegremente para o matadouro, hipnotizados magnificamente por uma lenga-lenga aviltante que é a droga da existência cheia de ruído.

quarta-feira, maio 02, 2012

A celebração do 24 de Abril

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Por este caminho qualquer dia estamos a assistir a reimplantação  do "ancien régime". A República já não se comemora, e o 1º de Maio e o 25 de Abril, pouco mais faltará.
O dia do trabalhador foi ontem celebrado em Portugal de forma bastante bizarra. Na realidade, e ao arrepio de tudo aquilo que seria expectável, os trabalhadores deste País, esquecendo ou mitigando as suas idiossincráticas queixas, decidiram celebrar este dia festivo numa louca fúria açambarcadora acorrendo em massa aos supermercados Pingo-Doce. Em lugar da grande jornada de luta que desce as avenidas do País para mostrar aos Governos e ao Capital que os trabalhadores estão sempre atentos à defesa dos seus direitos, hoje seriamente ameaçados, o 1º de Maio deste ano transformou-se numa louca correria para conseguir o formidável cachucho, convertendo-se mesmo, em alguns daqueles estabelecimentos, numa autêntica batalha campal com a polícia a intervir. Julgávamos nós que o especial objectivo desta acção era prestar solidariedade aos trabalhadores daquela empresa, uma vez que estes estavam em luta para poderem, também eles, comemorar o 1º de Maio, como manda a constituição, mas não, o motivo foi muito mais prosaico e confirmou cabalmente a estratégia de quem a delineou : o País , afinal, viu-se ontem de repente ao espelho.
Este fenómeno, que varreu o País de lés-a-lés, seria muito estranho se na realidade não estivéssemos  a assistir hoje a uma investida sem precedentes contra as conquistas de Abril e contra os trabalhadores em particular, perpetrada pelas forças que foram derrotadas naquele dia.  Apoiadas por um governo de cariz  neoliberal e fundamentalista, a reacção está novamente a surgir em toda a sua plenitude, beneficiando e executando com deliciosa perversidade todas as medidas políticas que este (seu) governo está a promulgar com o único fito de chegar ao poder e com isso voltar de novo a submeter e a explorar, sem nenhuns entraves legais, os trabalhadores deste País, transformando novamente esta terra  na coutada de umas quantas famílias. 
Como é que pudemos chegar até aqui? Como é que a direita revanchista consegue provocar e humilhar todos os trabalhadores na celebração do seu mais sagrado e simbólico dia ? Como  é que  este poder invisível consegue passar a ideia ( e para isso conta, praticamente, com toda a comunicação social ) de que neste País já vale tudo, que as leis e os direitos dos trabalhadores já não têm importância nenhuma, e que os próprios, tontos e alienados pelas sereias do Capital, também já não se dão ao respeito? Que forças ocultas e poderosas se uniram para conspirar e cobrir o eventual prejuízo do ideológico espectáculo que foi ontem encenado? 
Podemos não comer ideologia, por certo, mas ela ( a outra ), se não nos opusermos, comer-nos-á a nós.
P.S. Compreende-se naturalmente o comportamento das pessoas, e até o frémito, as dificuldades são muitas e a oportunidade não se podia perder. Mas valha-nos, pelo menos, o desabafo.