quarta-feira, abril 29, 2015

O sistema do ferrolho - catenaccio

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Mais uma vez, num clássico, Jorge Jesus brindou os adeptos do Benfica e, em geral, os adeptos do futebol com a táctica do ferrolho. Ao contrário do jogo ofensivo e esmagador que o Mestre da táctica tanto gosta de alardear e pelo qual tanto gosta de ser reconhecido, desta vez a dita, aplicada neste jogo e à semelhança do que tem acontecido noutros derbys, era óbvia: apostar fortemente numa estratégia de contenção, muito defensiva, com o permanente recurso à destruição do jogo do adversário, tentando desse modo prender o seu futebol atacante  no meio-campo e deixando, tanto quanto possível, a baliza benfiquista inviolável. Na mente do futuro treinador do Barcelona, talvez a equipa até pudesse marcar um golo num contra-ataque feliz e desse modo derrotar os morcões do Porto. Não conseguiu, porém, tal desiderato, somente assegurou os mínimos necessários para continuar na liderança do campeonato. Agora só falta rezar para que não aconteça nenhum percalço até ao fim, nomeadamente em Guimarães, já que ainda faltam quatro partidas para acabar o campeonato, quatro finais para aplicar novamente o catenaccio. 
O Porto bem tentou chegar à área dos encarnados, através da pressão alta que exercia logo que o Benfica iniciava a primeira fase de construção de jogo mas poucas hipóteses tinha de entrar naquele reduto defensivo. O objectivo não declarado dos encarnados, como se viu,  era apenas o de chegar ao fim dos 90 minutos sem sofrer nenhum golo, valendo, para o efeito, praticamente tudo, numa estratégia aberrante, expressa através de um jogo feio, atabalhoado e sem fio de jogo. Sinceramente, prefiro a postura futebolística de Arsène Wenger, com o seu Arsenal a espalhar perfume todos os domingos nos relvados da premier League, muito embora sem conquistar troféus, a assistir a deprimentes espectáculos como o de ontem. Wenger pode não vencer campeonatos, mas não é um resultadista. Daí talvez o facto de se manter tanto tempo à frente do clube. A resposta a isto só pode ser uma: os adeptos do Arsenal gostam do modelo de jogo e do futebol ofensivo do seu treinador, seja com que equipa for, a jogar em casa ou fora.  Ao contrário, Jesus parece que apenas se afirma em tom forte e de peito feito quando tem de enfrentar equipas mais fracas, exceptuando  nos jogos que ele considere cruciais, e verga-se e claudica quando tem que defrontar os grandes clubes. 
Jorge Jesus, como o grande atleta do Sporting, Fernando Mamede, também parece carregar em si uma espécie de síndroma, caracterizado pela forma como cede à pressão nos momentos decisivos em que as expectativas são muito altas, nos momentos em que é imperioso claramente  ganhar e derrotar os adversários. 

domingo, abril 26, 2015

A impotência ou a cobardia de um desabafo

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Depois de passados 40 anos sobre as esperanças de "Abril"e de tanta água ter corrido debaixo da ponte, é com bastante revolta e tristeza que hoje, olhando para a realidade política, económica e social do País,  constato que o único lugar destinado a uma revolução, afinal, uma revolução que queira restituir a dignidade a um povo, como parecem dizer os grandes clássicos, é tão-só na literatura , no teatro ou no cinema - romantismos e fantasias - , já que a natureza humana não permite outro tipo de veleidades que não aquelas que decorrem do binómio: poder/classe possidente, versus, submissão/plebe ignara. Infelizmente, a transformação de uma sociedade, mesmo que apoiada em actos de natureza radical,  é um mito . Atente-se nas revoluções pretéritas Bolchevique ou o Maoísta, entre outras, para se perceber que o gene egoísta  encarrega-se sempre de repor a ordem nas coisas da vida, e da morte, também. 
Parece que a revolução é apenas um momento, um segundo apenas na história de um povo. Depois, rapidamente volta tudo ao normal, porque tudo se dilui na reconstrução do novo poder ( do mesmo poder ), da gente que o ocupava antes e que volta a ocupá-lo depois.
Já dizia, resignado, o mestre Sísifo que a extenuação física até parece ajudar a suportar a derrota espiritual - trabalha escravo, trabalha duro porque amanhã bem cedinho, outra vez, tens que te levantar fresco para tua eterna provação e glória do teu patrão.

quarta-feira, abril 15, 2015

O pistoleiro

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Traumas

domingo, abril 05, 2015

A mente

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A nossa mente " foi programada " para nos dar todas as respostas. Agora, é preciso saber perguntar. Está lá tudo. E quando se diz tudo, é mesmo tudo. E não é a natureza que responde a este desafio, nem coloca as questões, é a mente humana que outorga significado, é a mente humana a debruçar-se sobre si própria. 
O presente , o passado e o futuro, a vida e a nossa existência, a realidade e o cosmos, bem como todas as intermitências da metafísica, onde avultam as questões do infinito e da origem - o fundo de tudo isto -, está tudo contido na nossa mente. 
Para lá da fé e do apego de todas as religiões a um Deus e a todos os deuses, incluindo os seres supremos de que falam as misteriosas mitologias ancestrais, indiciando que talvez tivéssemos sido visitados por alguma civilização muito avançada extraterrestre há milhares de anos, ou de termos sido uma das suas colónias experimentais, ou o seu elo mais atrasado; para lá de todas as respostas e virtualidades que a visão e especulação tecno-científica nos possa dar sobre os caminhos do futuro, como a  possibilidade de podermos estar a viver noutras dimensões , em multi-universos, ou de vir  a trilhar, daqui por milénios, os caminhos enigmáticos do horizonte de eventos de um buraco negro; para lá, enfim, de tudo o mais que possa impressionar todas as nossas inquietações e interrogações de todos os tempos e para todos os tempos do que estará por "detrás" disto tudo, subjazerá sempre, no meio desta tormentosa tempestade que é a existência humana, a mente. Se até aqui foi ela quem nos iluminou o caminho, por certo que será nela também que encontraremos a resposta, porque nós seremos sempre a pergunta e a resposta, porque nós seremos sempre a resposta. Mesmo que demore uma eternidade. 

sexta-feira, abril 03, 2015

Manipulação

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" A única situação pior do que uma prisão para a mente, é uma prisão para a mente que você não sabe nem sonha que possa existir. "

Se um ser está absoluta e irredutivelmente manipulado, nunca saberá ( inferirá ou deduzirá ) que está manipulado. Mas ele pode colocar sempre essa questão, de estar ou não a ser manipulado. Porém, no universo concentracionário da impenetrável e inflexível manipulação, esta interrogação que o habita também faz parte inerentemente dela.
Como saberemos, então? Nunca saberemos...    

quinta-feira, abril 02, 2015

A Besta

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Seria possível perceber-se que o cenário e todos os personagens do sonho ( incluíndo o próprio ) são , na verdade, o sonhador; mas quando a Besta nos fita de frente ficamos tragicamente paralisados, radicalmente inseguros e sem defesas nenhumas. Perante ela, a realidade nua e crua impõe-se e a razão praticamente soçobra, ficamos à mercê do pânico e da boa vontade dos deuses.