domingo, dezembro 28, 2014

A cantiga é uma arma...

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Dizia José Mário Branco nos românticos idos setenta que a cantiga era uma arma contra a burguesia. Uma arma simbólica, metafóricamente falando, congregadora e disseminadora de ideias e vontades que ajudaria também, à sua maneira, a mobilizar o povo para a grande revolução.
Passados tantos anos sobre aqueles momentos tão exaltantes de " Abril " e depois de tanta água que correu por baixo da ponte, confrontar os recentes dados estatísticos sobre a pobreza infantil  com a insensibilidade social revelada pelo discurso do poder e não fazer nada, é correr o risco de soçobrar perante uma civilidade castradora e politicamente correcta - eles falam, falam, falam mas não fazem nada.
Então a cantiga é uma arma? 
Alguém um dia declarou solenemente que nunca nenhuma canção fez uma revolução. Transformar o status-quo de uma sociedade implica mais do que juntar rimas em três minutos. Concordo. Se calhar, também nunca deveríamos ter ornamentado as pontas dos fuzis com buquês de flores.
"A criança jazia subnutrida cheia de fome e a mãe procurava consolá-la :  - Vais para o céu, meu menino. A criança olhou para a mãe, abriu muito os olhos e perguntou: - há pão no céu, mãe?"

sábado, dezembro 27, 2014

O tempo e os modos da música

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Não se podem comparar, apenas no que concerne ao facto de serem ambas, cada uma "de per si", formas de expressão musical bem datadas no tempo. São retratos de uma  época, retratos que convocam sociabilidades várias e que registam momentos da história da musica urbana mais recente. Uma querendo saudosamente lembrar o que era o cerimonial de um concerto de rock sinfónico e a outra a reivindicar a pressa de um futuro electrónico que já tarda.

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Abstraccionismo

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Um pessoa que exalte como sua referência artística a tela branca de Malevich ou os seus geométricos gatafunhos cromáticos será na verdade um apreciador de arte, ou não? E Malevich, será ele próprio um pintor, definido como aquele que pinta com arte ? De facto, os abstraccionistas até podem ter uma inteligência brilhante e quase soçobrarem no refinamento da sua supletiva subjectividade, mas saberão eles "realmente" pintar? Ou seja, conseguirão eles plasmar na fisicalidade da tela a sua elaboradíssima criatividade e imaginação; conseguirão eles que as suas mãos se transformem na extensão dos seus intelectos? Em contrapartida existem outros pintores, talvez menos atormentados e depreciativamente considerados que conseguem de forma fidelíssima pintar o que os seus olhos vêm até ao mais ínfimo pormenor e detalhe. Estes pintores são designados como copistas, artistas menores que não conseguem incendiar os espíritos mais refinados da arte. Mas o que é a arte? Onde mora, afinal, a arte? Não sei. 
Bom, a arte é..., a arte é a forma que o homem encontrou para se exprimir simbolicamente, uma urgência e uma necessidade de se ver reflectido na materialidade para se perceber a si próprio, uma busca e um modo de encontrar um significado para a vida.