quarta-feira, abril 30, 2014

A grande música

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Passava com alguma frequência e era ouvida com excitação, mas já está fora do circuito comercial há algum tempo. A que hoje se vende, também já tem os dias contados, a assunpção de novas sonoridades parece estar a invadir o espaço do mainstream. Pelo menos até chegarem os novos bárbaros ( Hegel   Movimento perpétuo, eternamente repetitivo e coagulado ). 
Até os Deuses conspiram quando nasce uma obra prima musical, seja ela criada por Mozart ou por inspiração de Sting . 

"A música é para mim como o ar que respiro, não poderia viver sem ela ".

É desde tempos imemoriais que apreciamos deslumbrados o som das esferas - coisa do domínio da emoção estética, creio. Diz muita gente por aí que a musica que se fez e ouviu ao longo da história da humanidade é ( e será sempre ) música datada, nunca música com a marca da perenidade. Música datada pela época que a viu nascer e que a viveu, ou então definida pelo período da sua existência funcional. Deste modo, as épocas e os estilos musicais foram sempre sucumbindo uns atrás dos outros para dar lugar a novas épocas e novos estilos, habitualmente introduzidos pelas gerações nascentes. E nem a chamada grande música, ou música clássica ( como se queira chamar ) resistiu ao crivo do tempo e das modas por mais que tenha sido ou continue ainda a ser venerada, universalizada e elitistamente considerada. 
Outros apaixonados pela arte, ao contrário, entenderão que a música, com todas as suas variantes melódicas, geográficas e epocais será para sempre eterna, não admitindo por isso que a emoção do seu poderoso arrebatamento possa vir um dia a desaparecer da "audioteca" do Mundo. A música para este tipo de melómanos abrangerá sempre toda a paleta musical, e a cronologia e a legião de gostos a marca intemporal da sua versatilidade. E para que esse fenómeno se perpetue, na eventualidade de aparecerem algumas redutoras resistências, dever-se-à ministrar o respectivo corrector pedagógico por forma a levar as ovelhas tresmalhadas ao redil atávico das convicções dos mestres. Com esse tratamento, o deficiente e deseducado ouvido, ou gosto musical dos recalcitrantes,  será apurado e refinado para glória e prazer da pauta completa. Tudo muito simples, como se depreende. 
A música popular urbana ( que é a que me trouxe aqui ), associada a movimentos e modas culturais, só aparece com alguma dimensão após os processos de industrialização e urbanização da sociedade, tornando-se mais tarde, no século xx, depois do aparecimento da rádio e dos discos, sobretudo, no género musical mais icónico, escutada no dia-a-dia e presente nas festas para dançar e socializar. Recentemente, com a revolução do ciberespaço e do mundo hi-tech, que está a conduzir aceleradamente a humanidade para níveis cada vez mais acentuados de informação e fruição, a todos os níveis, os ciclos que regulam o gosto musical tornaram-se mais curtos. Basta apenas a passagem de uma geração para outra para tornar obsoleta a vanguarda que até aí vigorou e ditou o mainstream. Porém, o novo movimento ( a nova vanguarda ) também ela se vai cristalizar numa imagética e numa lírica totalitária, que não transigirá nem contemporizará um milímetro sequer do seu eterno presente com os demais gostos musicais - quer os do passado recente, quer ( e muito especialmente ) com os do imediato futuro. É mais uma dura ortodoxia que se instala ( no meu tempo é que era ), com os seus directores de gosto, clubes de fãs, guarda pretoriana e tudo o mais. De qualquer forma, a pressão implacável que a emergente tendência musical vai imprimir ao establishment, com novas sonoridades, mitos e por vezes formas de estar e de ser diferentes ( como o vestir e comunicar ), enfim, quase podendo falar-se no advento de um novo contexto cultural ( para quem o vive, obviamente), não vai deixar margem para recuos históricos : ao velho sucederá o novo, lá dizia com sapiência o senhor de La Palisse.
Mas a música é sobretudo emoção, comoção , sentimento, pois pertence à arte das musas, como diziam os gregos, e não se compadece com teorizações e racionalizações, apesar da matemática e da lógica imperarem nas pautas da música - nos arranjos, nos ritmos e harmonias - e com isso influenciar a percepção auditiva. De facto, definir a música não é tarefa fácil, no entanto ela é considerada como uma manifestação cultural por excelência. A música é, pois, considerada uma das formas mais sublimes da expressão humana, um fenómeno natural e intuitivo que abrange toda a humanidade . Não apenas a humanidade no seu conjunto e geografia , mas também na pegada histórica que deixa, uma vez que existe desde que o homem começou a ouvir e a emitir sons, até aos dias de hoje - Não se conhece nenhum povo, nem lugar, nem época que não possua a sua lírica. A música é, portanto, a arte e a técnica de combinar sons de forma melodiosa, transportando estados de alma, memórias e vivências fantásticas, plasmadas no espaço e no tempo. Do ponto de vista social, a música pode induzir o homem à criação de padrões de comportamento e gerar mentalidades, naturalmente incorporada num espírito de época e na iconografia dominante, porque a música produz significado. Diz-se, por vezes, que o ouvinte não consegue atingir a mensagem do compositor e por isso reinterpreta o "material musical" a seu gosto inventando outro significado. Esse significado terá origem na sua sensibilidade, no seu próprio critério e envolverá não só o conhecimento, a cultura e o seu estado emocional, as suas memórias e imaginação, mas, sobretudo, o envolvente e diáfano manto da sua espiritualidade. Poderíamos tentar também ordenar a música em classes, conforme o seu "valor" - erudita ou popular ; em género, de acordo com a forma como se distingue quanto à natureza da sua função social - religiosa, militar, folclórica, etc.; segundo as espécies e estilos - baladas, valsa, tango , pop urbana e rock, por exemplo; e depois , num critério ainda mais estreito, como subespécie, classificá-la quanto à característica ligeira que a diferencia das demais. No caso do rock, por exemplo, se ele é progressivo, sinfónico, psicadélico , etc ( apesar destas categorias já terem caducado há muito). De resto, como é natural, tudo isto depende dos conceitos aplicados e das abordagens feitas sobre o tema.
Para finalizar, e no que concerne à roda hegeliana da história, as gerações mais jovens tenderão sempre a rejeitar a música e os estilos das gerações que as precederam, como os putos de hoje fazem chacota da música não já daquela que ouviam os seus pais, porque mais afastada e arcaica, mas daquela que foi emotivamente vivida pelos jovens da faixa etária que imediatamente os precedeu, muitas vezes, apenas, com um intervalo temporal muito curto de diferença. 
Quer se queira ou não, toda a paleta musical, sem excepção, continuará a ser sempre ( e neste contexto, sim ) a grande Música, muito embora a existência desses ciclos sem fim de ressurreição e morte e da aparente diferença de sonoridades, estilos e gostos.

Ha,ha,ha,ha,ha,ha!...

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Uma consciência violada por um poder inebriante e irrevogável

segunda-feira, abril 28, 2014

Ao sabor do vento

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As pistas que o Governo já deu sobre o que vai fazer às pensões. Pensionistas com sinal ( + ) de alívio. O Executivo vai substituir os cortes temporários nos salários e pensões por medidas permanentes. 
Conheça as pistas dadas pelo Governo. 
A notícia era esta:
"Condutora-tirou-selfie-e-morreu-de-imediato Estados Unidos 
Condutora tirou 'selfie' e morreu de imediato. Enquanto conduzia Courtney, terá tirado fotografias e atualizado o seu estado no Facebook. 
Courtney Sanford, uma norte-americana de 32 anos, estava a ouvir a música 'Happy' de Pharrel Williams e decidiu tirar uma 'selfie' enquanto conduzia e divulgá-la no seu Facebook com a legenda "Canções felizes fazem-me sentir feliz". Distraída, embateu de frente num camião ".

Antecipação ou profecia sinistra
A aristocracia já não é o que era...

sexta-feira, abril 25, 2014

De cravo a escravo

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Estão criadas as condições para surgirem novas levas de escravos.
Só os livres podem dedicar-se ao ócio e ao descanso, à liberdade de poder ser, como atributo ontológico fundamental, de viver em alegria e com muita diversão, porque os escravos encarregam-se do trabalho. Os escravos nasceram apenas para tornar confortável a vida dos senhores. Trabalhar , produzir e empobrecer, eis a sua condição, um fardo ou um castigo que carregam para toda a vida, uma marca indelével inscrita no seu código genético. 
Mas muita atenção, fazendo fé ou confirmando a teoria evolucionista, na sua vertente social ( tão grata à ideologia da direita liberal ), eu acredito," parce que je suis un neodarwiniste, tendance gauche, que em todas as circunstâncias, no decurso do desenvolvimento das espécies, o recurso a meios violentos é a resposta mais adequada para resolver problemas, sempre que estejam em causa as condições básicas de sobrevivência -"Para a próxima , a manifestação não vai ter este cariz" , dizia convictamente um dos representantes dos militares. Pois é, acrescento eu, para dar tiros na altura certa é que os povos pagam aos militares.
A revolução era maravilhosa na nossa cabeça, nunca contavamos era com os outros , os outros que faziam a contra-revolução.
Estou desiludido com tudo isto, porque a única conquista que resta de Abril, intacta e até hoje, é a liberdade de expressão: o facto de podermos ainda falar sem restrições, sem a desdita de sermos presos por isso. Falar, falar, falar e voltar a falar , até à exaustão, mas nada mais. 
Dizem que há muito as comemorações do 25 de Abril suscitam o mesmo tipo de entusiasmo como uma visita a um museu. Pois bem, só há uma forma de comemorar e consagrar Abril com devoção: é fazer de vez a revolução. Porque sem o mínimo de confrontação e sem uma certa dose de radicalismo revolucionário não se conseguem abalar as estruturas de poder nem instaurar um novum político, que todos desejamos. Não podemos é ficar eternamente reféns de manifestações, comícios, greves, jornadas de luta ou de qualquer outro tipo de brique-a-braque lírico, enquadrados em partidos e organizações que, por também estarem instalados, apenas capturam ou constrangem a vontade e a indignação do povo . É preciso fazer alguma coisa, senão eles comem-nos vivos.
Porque depois de chegados aqui, passados 40 anos do dia da libertação, e de voltarmos a comer o pão que o diabo amassou, é tentador não constatar essa ideia peregrina de que os militares apenas cometeram um erro crasso na sua apreciação, pois quiseram conciliar a mão que matava com os peitos baleados, quiseram unir as mãos calejadas que nas fábricas transformam a matéria prima, com as mãos que empunhavam o chicote. Obviamente que o resultado só poderia ser este: um País novamente nas mãos das mesmas famílias que o dominaram até ao 24 de Abril, um poder político e económico nas mãos de uma minoria mafiosa que entretanto se refez, instalou-se e sofisticou-se e que continua à mesma montado em cima do povo, como antes, a exaurir todos os seus recursos através do Estado  (Faz-se tarde...). 
Danke schön! 
-"Como devem calcular, ao tomar as minhas decisões eu não me deixo levar por nenhum nervosismo especial. Consigo dormir com muita tranquilidade e sem nada a pesar-me na consciência. Sinto muito, mas não me falta o sono, não me dói o estômago, nem me falta o apetite. Coisas da vida , percebem? Bem pelo contrário! Não sabem nem imaginam até, a enorme satisfação que me dá em torturá-los e  lixá-los, sempre que posso. Babo-me todo de prazer a vê-los cair que nem tordos pelas medidas que implementei no sistema nos vários escalões da minha administração; não sabem nem imaginam o frémito que se apossa de mim quando os vejo como baratas tontas sem saberem da vida, porque os desprotegi . Apenas me vou apaziguar quando a vendetta for cabalmente terminada ".

domingo, abril 20, 2014

A direita , somos nós ( quase todos )...

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Depois da apresentação da praxe, disparámos a pergunta sacramental: " onde estava você no 25 de Abril ? "" No 24 , claro! Onde deveria estar? " Responde a maioria dos portugueses. 

Se do ponto de vista do calendário a resposta parece-me óbvia, já no que concerne à cultura política ( ou à falta dela ) o sinal é muito evidente e esclarecedor.
Interrogamo-nos muitas vezes sobre a razão pela qual a direita continua ainda a ter tanta aceitação e acolhimento junto do povo português - e a prová-lo está, até à saciedade, o facto de continuar a obter, sem sobressaltos de maior e desde o 25 de Abril, os resultados eleitorais que se conhecem. 
Esta orientação ideológica e maioritária dos portugueses à direita, não resultaria tanto do facto dos partidos que os representam naquele espaço político terem conquistado o seu voto pela acção pedagógica desenvolvida em campanhas de esclarecimento , convencendo-os a optar de forma consciente pelas suas ideias ( eu sou de direita por convicção, por ser um cidadão informado e exigente, política e ideologicamente), mas única e simplesmente porque a maior parte da população, por vicissitudes históricas que se conhecem, é atavicamente de direita - O peso de uma herança cultural obscurantista e castradora muito forte, com um pendor mais acentuado na província, mesmo depois de passados tantos anos sobre o 25 de Abril e da natural renovação de gerações, e a influência de um individualismo muito arreigado, descomprometido e despolitizado nas grandes urbes ( para além de outros factores, naturalmente ) , vieram a determinar esta tendência política ou a confirmar esta característica do seu código genético 
Mesmo agora, mesmo depois da hecatombe que se abateu sobre nós, do ataque bárbaro que este governo perpetrou contra as nossas condições de vida, tudo indica que mais uma vez a direita vai sair ilesa do julgamento popular, não ganhando as eleições, claro está ( pelo menos, assim espero ), mas não sendo de todo penalizada o quanto seria expectável.
Mas para responder com mais concisão e ironia a tão idiossincrática questão, recorrerei uma vez mais à pena espevitada e desconcertante  de José Vilhena para ele fazer luz sobre a alma portuguesa.

" Afinal, no 24 de Abril, você estava-se absolutamente nas tintas para a política, para a exploração do homem, para a prepotência da ditadura, para a guerra colonial, para as injustiças, enfim, borrifava-se para tudo menos para o seu umbigo. Até ao 25 de Abril você não investiu um chavo num futuro de esperança, não deu uma ajuda, não arriscou um só cabelo da sua casposa cabeça, comia e dormia e ia dizendo as cavalidades protocolares do costume. Desde que não o incomodassem e não lhe tirassem o futebol, as gajas, os carros e os copos, cagava-se para tudo o resto - Diga-se  de passagem ainda, que havia muito respeitinho. Nessa altura, as pessoas eram muito comedidas e não andavam manipuladas pelos partidos, nem excitadas pela luta de classes. Havia ordem , muita consciência cívica (à força do cacete); o povo não andava para aí nas ruas a dar vivas ao primeiro que aparecesse nem a cagar as paredes com grafitis e pinchagens. As autoridades eram respeitadas e tinham prestígio, a igreja conduzia o seu rebanho pelo bom caminho e sem sobressaltos, o patronato impunha como de costume a sua prepotência, sem inspecções e tribunais de trabalho a condená-lo e a propriedade e a ordem pública estavam nas calmas asseguradas. Portanto, não foi com certeza por falta de muitos e bons mestres que ficámos com a lição mal estudada , pois andaram quase meio século a ensinar-nos pacientemente  que o exercício activo da política não era coisa que conviesse ao nosso temperamento de latinos e que a felicidade de um povo não se mede pelo número de partidos e militantes políticos, pelo grau de liberdade de informação, por eleições livres ou por reivindicações de trabalhadores. Pelo contrário, a felicidade de um povo medir-se-ia por outros índices reveladores do bem-estar colectivo, como o bico calado, a ordem pública do toca a agachar, o engravatado respeito pelas hierarquias, a amável confraternização entre o patronato e o proletariado agradecido, o activo repúdio pela coisa política e tudo o que fosse subversivo.
Era verdade, sim, o fascismo tinha reduzido o povo à santa ignorância e à indiferença, apenas um minúsculo escol tinha consciência política e participava em actividades clandestinas. O Governo do senhor Presidente do Conselho, através dos aparelhos ideológicos do Estado ( a Justiça, a Educação, a Família, a Religião, a Cultura e o desporto )controlava tudo. 
Mas eis que de súbito se partem os grilhões em Abril e o povo português revela um pendor esquerdista e reviralho de fazer inveja ao mais pintado dos antifascistas . Esta surpreendente constatação política vai ainda mais longe quando vimos irmanar no mesmo abraço e confissão, sem distinção de credos raças ou ideologias, o proletário e o empresário, o trabalhador rural e o latifundiário, o esquerdista e o torcionário, o bombista e o bancário , a prostituta e o missionário, o protozoário e o eteceteritário. Enfim, uma gentalha que se arrogava agora no direito de tratar-se por camaradas, uma corja de falsos democratas que de repente tinham acordado para as grandes causas, para as injustiças, para a exploração do homem pelo homem.  Tinham lá eles a ver com os mineiros do país de Gales, com os camponeses ucranianos ou os pequenos agricultores do Iang-tzé?"

quinta-feira, abril 17, 2014

Attention all passengers

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"A única coisa pior que uma prisão, é uma prisão que você não sonha existir, uma prisão que você não pode cheirar, provar ou tocar, é a prisão da sua mente". Mas se um dia descobrir este hediondo crime, que afinal toda a sua vida não passou de uma sofisticada ficção, talvez não esteja ainda pronto ou não queira mesmo ser desconectado, como a maioria das pessoas, preferindo antes continuar a viver na ilusão.

Não existe (m) verdade (s), não passa tudo de uma grande mistificação, porque, ao que parece, segundo a teologia da Libertação ( não, não é essa... ) o que afinal temos são imagens de outras imagens, simulacros e simulações, jamais o real. No princípio ainda acreditamos que há um reflexo fidedigno da realidade, mas com o tempo ele distorce-se e, no fim, já não há ligação nenhuma com o original, se é que alguma vez este existiu, ou se o final também não é outra rebuscada encenação.
Sócrates foi condenado e acabou por morrer porque tentava explicar às pessoas que havia um plano superior de realidade. Platão, alegava que nós éramos como prisioneiros acorrentados numa caverna, acedendo apenas ao real através das sombras que eram projectadas na parede. Já na fábula de Tchuang-Tzu, da cotovia e das rãs, que viviam sob o jugo de uma rã mestra no fundo de um poço e sem terem acesso ao mundo exterior, era uma cotovia que ao esvoaçar até aquelas profundezas falava de um mundo de luz e de cor que ficava para lá daquele buraco húmido onde vegetavam. Interpretando as palavras da cotovia como uma metáfora, as rãs rebelaram-se e mataram a rã mestra, conquistando desse modo a sua liberdade. Todavia, e apesar daquela profunda transformação nas suas vidas, a cotovia continuava a visitar o poço e a insistir na mesma lenga-lenga: que existia um mundo exterior maravilhoso para além daquele. Foi tomada como louca e assassinada. Cristo, enquanto andou por este mundo, assegurava aos gentios  na doutrinação que fazia que havia outro reino para além deste, que era a casa onde residia o Pai.  De acordo com os testemunhos, Cristo declarava convictamente que aquele reino existia e que estava bem dentro de nós, cabendo-nos pois a exigente tarefa de descobri-lo, para nossa paz e salvação. Com a visão de Buda e de outras filosofias orientais, todos nós vivíamos sob o manto de uma grande ilusão criado por Maia e a cumprir a roda do destino - sansara - para podermos atingir a desejada libertação depois de um cortejo infindável de reencarnações. O caminho seria penoso, cheio de sofrimento e de dor, mas o Nirvana compensaria como horizonte de esperança.     
Tudo isto pode ser verdade, sim senhor, mas como todos bem sabemos a realidade não é assim, a realidade é muito mais prosaica e esgota-se numa vida de miséria e de doença, com a morte como epílogo usurpador. Porque não aliviar então o suplício com a maior das criações humanas: a Fé, essa misericordiosa ligadura que cobre e esconde a ignomínia, como diria Freud? Porque não alimentar essa alienação conveniente e de forma cada vez mais sofisticada arriscando um voto acalentador na prodigiosa ciência a ver se ela consegue operar o ansiado milagre ?
Parco de engenho mas com uma curiosidade obsessiva tenho procurado encontrar uma resposta para o mistério, explorando à minha medida e com todas as limitações daí decorrentes as ideias e o manancial de conhecimentos oferecidos pela ciência  para minimizar os danos causados por uma  neguentropia que teima em não me largar.
E, de facto, quando se começa a reflectir sobre matéria tão candente, e mais ainda quando se procura desesperadamente um ponto de contacto entre a ciência e o milagre da transcendência, de imediato  ficamos perante a presença omnipotente da física teórica, pois parece ser ela o veículo mais apropriado para conseguir, nem que por breves instantes, encontrar algum sinal dessa improvável e ilógica conexão  de realidade. 
Ao investigar as profundezas da matéria, para perceber ao certo qual a sua origem e natureza, a física dá-nos um panorama desolador. Na verdade, o cenário gigantesco que se desdobra à nossa frente, bem como o nosso próprio corpo, incluindo nele o aparente mediador da realidade que é o nosso cérebro, são absurdamente constituídos por partículas de coisa nenhuma, simulacros de realidade, sem ligação definida, apenas vazio demencial. Afinal, os tijolos que lá em baixo estruturam aquilo que designamos por real, são tudo menos reais, apenas sombras vibrantes e fantasmáticas sem solidez, massa ou dimensão. Creio mesmo não fugir muito à verdade se disser que o ventre da realidade, o ponto onde tudo isto começa, ou a grande ilusão, como antevia Niels Bohr, é  um abismo negro , um " lugar" de " nonsense "onde também a noção de espaço e de tempo ( do aqui e do acolá, do passado e do futuro ) deixa de fazer sentido.
É, pois, aqui , no cerne desta complexa teia ontológica, onde acreditamos piamente estar a residir em todos os dias da nossa vida, que procuramos alucinadamente a nossa  consciência, o nosso ser.   
Um hino à vida na Matrix  - Vinícius de Moraes e Toquinho
Um velho calção de banho o dia prá vadiar um mar que não tem tamanho um arco íris no ar / Depois da praça Caymi sentir preguiça no corpo e numa esteira de vime beber uma água de côco / É bom... passar uma tarde em Itapoã ao sol que arde em Itapoã ouvindo o mar de Itapoã falar de amor em Itapoã / Enquanto o mar inaugura um verde novinho em folha, argumentar com doçura com uma cachaça de rolha / E com o olhar esquecido no encontro de céu e mar, bem devagar e sentindo a terra toda a rodar / É bom...passar uma tarde em Itapoã ao sol que arde em Itapoã ouvindo o mar de Itapoã falar de amor em Itapoã / Depois sentir o arrepio do vento que a noite trás e o diz-que-diz macio que brota dos coqueirais / E nos espaços serenos sem ontem nem amanhã dormir nos braços morenos da lua de Itapoã / É bom... passar uma tarde em Itapoã... ... ...

terça-feira, abril 15, 2014

Ha,ha,ha,ha,ha,ha!...

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Entrevistado pelo jornal " I "

sexta-feira, abril 04, 2014

Constâncio Metralha

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É novamente a polémica requentada do BPN o assunto da semana,trazida agora à colação pelas diatribes do senhor Durão Manhoso. Só que não há mais pachorra para tanta manipulação e descaramento.
De facto, parece voltar a confirmar-se o adágio de que o crime compensa. Senão, vejamos:  os criminosos que saquearam o BPN ( para não falar também no BPP , no BCP, no Banif e de outros bancos onde as operações criativas fazem as delícias dos juramentados ), parecem estar a gozar de uma branda impunidade, quer junto da opinião publicada quer junto das instâncias de poder jurisdicional. Já Vitor Constâncio, que na altura dos acontecimentos era governador do Banco de Portugal ( e não presidente de um daqueles bancos ), mais uma vez está a ser vítima de uma campanha orquestrada pela direita  ( porque será? ), tentando responsabilizá-lo pela fraude ali cometida como se ele fosse o autor dos roubos. Concedo, muito embora seja apenas um mero espectador do mundo, que o ex-governador do Banco de Portugal possa eventualmente ter descurado alguns detalhes na apreciação do problema, embotando desse modo a supervisão que estava a ser feita, mas daí a quererem transformá-lo no epicentro deste caso de polícia, só para rir.
E tudo isto acontece, como virtuosamente diria Vilhena na sua saudosa e calejada prosa, porque o conformismo de que padece o espécime lusitanus é uma espécie de anarco-descontração, um atávico estado de espírito de raízes surrealistas que permite praticamente tudo sem comprometer praticamente nada, a não ser o futuro. 
" Sêmos " assim, não há nada a fazer: um conformismo e uma negligência em bom português suave, como suave parece ser de há muito o  nosso "modus vivendi".  
Todavia, chegará um dia em que à força de tanta corrupção, tanto desleixo e confusão deixaremos com deliciosa felicidade o tecto cair. Mas se entretanto conseguirmos salvar dos escombros umas garrafitas e uns coiratos, "no problem".
Caro humano, " eu entendi o que te escraviza: tu és o teu próprio negreiro ."