quinta-feira, julho 16, 2015

A aceleração do quotidiano-II

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Há uma dádiva fundamental que a minha geração teve e que os jovens  de hoje não têm: o luxo do tempo. Tempo para ser, tempo para estar e, até, tempo para perder tempo. Imaginem!
Por opção, mas também pela massiva bateria de estímulos com que são confrontados e bombardeados praticamente em todas as horas do seu estado de vigilia, a geração actual teve de encontrar naturalmente o equilíbrio vital nas suas vidas para poder acompanhar o tempo acelerado que regula os dias de hoje, pelo menos no Mundo Ocidental.
- "Um velho calção de banho e o dia para vadiar.../ e nos espaços serenos sem ontem nem amanhã" -  Tempo, tempo, tempo e mais tempo de sobra, e  outro tanto ainda para saborear ,descontraidamente, sem pressas, sem o cronómetro exasperante a meter-se sistemática e intrusivamente nas nossas vidas, quase sempre a avisar-nos que nunca há tempo. O tempo que falta, afinal,  para sermos ( ontos ).

terça-feira, julho 14, 2015

Zapping

CONNECT !!!

Tinha chegado à sala e sentou-se no sofá, tensa, enquanto maquinalmente ligava o televisor. Alguma coisa não estaria bem com ela pois evidenciava um olhar perdido, parecendo cindido entre o ecrã do aparelho e os pensamentos que a atormentavam. Subitamente, como se tivesse sido impulsionada por uma mola, agarrou no comando ( qual arma destravada pronta a disparar ) e iniciou um neurótico  e compulsivo " zapping ",  procurando talvez naquele gesto o apaziguamento desejado para mitigar o estado depressivo em que se encontrava. Depois de percorrido para baixo e para cima, pelo menos meia-dúzia de vezes, o circuito completo da oferta de canais, eis que de repente ficou suspensa daquela desembestada compulsão por uma proposta inebriante que irrompia docemente da pantalha, uma proposta de conciliação reparadora a que ela, vacilante ainda, se foi entregando hipnoticamente . Com o braço ainda suspenso no ar e o comando na mão a apontar para o televisor, parecia  no entanto indecisa entre continuar a trasfega de canais e a rendição, mas o transe oferecido por aquele spot publicitário fez com que ela lentamente baixasse o braço até ao regaço e se aquieta-se de vez. Respirou fundo e descontraiu-se, por fim. O stress tinha-se ausentado, o rosto também já não se apresentava crispado, parecia até que a cabeça tinha entrado em modo zen,  e o corpo, tranquila e relaxadamente, entregue agora apenas ás funções vitais automáticas. Na realidade, as imagens mas sobretudo a melodia que se desprendiam do velho ecrã e que a começaram a envolver, foram, por assim dizer, soporíferas ( dream a little dream of me... ) e acabaram por funcionar como uma abençoada e inesperada terapia que a permitiram terminar, finalmente, com o frémito que até aí a tinha dominado.

segunda-feira, julho 13, 2015

Ao povo grego

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Eles sabem por que lutam, ou melhor, eles sempre souberam por que lutavam, já que tomaram consciência rapidamente que estavam numa selva, e, para manterem o domínio sobre os outros, teriam de garantir permanentemente o seu Status Quo. Nós deveríamos ter feito o mesmo, nós deveríamos de os ter imitado, mas deixámos que eles nos reduzissem à condição de escravos.



O ambiente hoje é de glamour e de vitória. Mais uma vez ganharam a guerra e dominam - já Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, confirmando a velha tese de Marx, fala na existência de uma guerra surda entre classes sociais, saindo a dele sempre vencedora dos desafios que trava. Por isso, as bebidas hoje são à descrição e as drogas ( bem pesadas) de consumo aberto e à mão; os automóveis, topo de gama, e os rapazes e raparigas, seres apolíneos e vénus de milo. Ninguém trabalha e tudo brilha, como no Olimpo. O tempo é de celebração e festa, há que comemorar e rejubilar com a dádiva dos deuses.
Entretanto, no cavername desta barca hedonista, no meio do caos e da instabilidade instalada, trabalham os escravos para alimentar o prazer e o ócio dos seus amos e senhores, uma minoria plutocrata, apoiada por uma matilha de mercenários e lacaios de todo o género, todos muito bem remunerados e nutridos, e disseminados por todas as áreas da sociedade, que os auxiliam perpetuar-se no poder através do uso da força ( quando necessário ), da coacção, do medo e da chantagem, estancando todos os focos de indignação e revolta que apareçam.   
Até um dia, até ao dia em que os escravos disserem pela última vez, basta, e daí partam, desapiedados, para uma longa noite de terror, em modo selva, como no distópico "Mad Max", porque tomaram consciência de que a resposta às suas preces não se encontra guardada num reino dos céus, mas sim no fundo da sua natureza animal e do irredutível darwinismo que a sustenta, tal como invectivava Nietzsche sobre as feras louras amordaçadas.

sábado, julho 11, 2015

Encenações

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Dizem que a diferença entre uma obra literária e uma peça judiciária é que a primeira cheira a tinta e a segunda, muitas vezes, tem a perfídia da vendetta e o gosto a sangue.

A notícia era esta:
"Caso Sócrates: Armando Vara detido.
Armando Vara é suspeito de corrupção e fraude fiscal , afirma o Ministério Público. 
O ex-ministro socialista foi detido para interrogatório no âmbito da "Operação Marquês". 

Naturalmente que não sabemos qual vai ser o desfecho de todo este processo, nem temos a estultícia de pensar que existem meandros pútridos e sombrios na justiça a fazer o jogo político, como assinalou José Sócrates, ou ter a fervorosa presunção de inculpabilidade manifestada pelos apoiantes incondicionais do arguido quando estes pedem a libertação do preso da cela 44 da cadeia de Évora. No entanto, apetece também invectivar a Justiça sobre o princípio da presunção de inocência num Estado de Direito, exigindo, para o efeito, explicações sobre o tempo discricionário aplicado na prisão preventiva. Seria interessante, pois, saber se a boa administração da justiça continua incólume e a ser uma realidade à prova de bala, se a morosidade da prisão preventiva decorre de acordo com as verdadeiras necessidades da investigação, ainda em curso, muito embora não tenham sido apresentadas até à data nenhumas provas concludentes sobre os crimes apontados ao arguido, apenas indícios e conjecturas; e se tudo isto, nomeadamente o princípio da presunção de inocência,  continua ainda a vigorar neste país, se ela continua ainda a ser uma prerrogativa legítima de quem caiu sob a alçada da Justiça - até prova em contrário, até transito em julgado, qualquer cidadão, seja ele quem for, continua a ser considerado inocente face à lei, mesmo que já esteja irremediavelmente condenado, destruído e proscrito na praça pública. 
Por tudo isto, e face aos tempos conturbados que todos estamos a viver, até apetece dizer que, por este andar, o Partido Socialista vai todo dentro até às eleições, pois nem um herege militante sobrará para contar a história aos seus netos. Depois das eleições, dizem, naturalmente a cena converter-se-à. Serão todos soltos e mandados para casa como se nada tivesse acontecido até ali, porque o destino já estava traçado, como no fado. 
Por isso, meus amigos, até à realização das eleições legislativas, é preciso ter muito cuidado, porque o lema é : até fartar vilanagem.

Agora, olhando melhor para a imagem que suporta o texto, dá-me a ideia que ela é insidiosa e até enganadora. Segundo parece, dizem os peritos, o ângulo de visão que temos sobre ela enferma de um pequeno senão, enferma de um pequeno "quid pro quo", é que os reputados socialistas presentes na imagem estarão na parte de fora das grades e não atrás delas. Impõem-se, portanto, a pergunta: quem estará dentro do calabouço? Imaginemos... É por isso que não queria deixar de assinalar o facto de a fotografia ter sido paradoxalmente tirada já depois das eleições legislativas realizadas, tendo o Partido Socialista saído vencedor. Parece que houve uma brecha no tempo, como na ficção científica, que proporcionou ao fotógrafo fazer uma estranhíssima e fabulosa viagem no tempo para colher aquela imagem do futuro.

Mais uma vez, o Dr. Strangelove.

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O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäubl, a propósito da crise grega e das tentativas do Eurogrupo para chegar a um acordo com aquele País, não deixou, mais uma vez, os seus créditos por mãos alheias ao gozar sibilinamente  com o povo grego, na forma como ironicamente e em resposta a uma questão colocada sobre aquele tema se propunha "oferecer" a Grécia aos Estados Unidos para este resolver a situação, em troca do pequeno problema financeiro que os Estados Unidos teriam com Porto Rico. Convém recordar que os americanos tem vindo a pressionar as instituições europeias no sentido de se encontrar uma solução justa para o diferendo, solução essa que não poria  em causa a permanência da Grécia na zona Euro e concomitantemente o equilíbrio geoestratégico daquela zona do mediterrâneo.

Na verdade, o povo alemão não merece este desabafo, mas na sequência do desejo "confessável" do senhor Schäubl, nazi ou darwinista convicto, até apetece dizer: " que pena os russos não terem ficado com o domínio total do território alemão após o fim da segunda guerra mundial, que era para ele ver como certas decisões podem destruir países e dar cabo da vida de povos. E, já agora, para também ser rápido no gatilho ( e que me perdoem ), muito gostaria de ver este Dr. Strangelove, com todas as limitações físicas que evidencia, a conseguir sobreviver na selva sem a ajuda e a solidariedade dos outros, tal como deve acontecer hoje no seu complicado e infeliz quotidiano.
Não devemos ir por aí. Bem sei. É desconfortável e desumano o desabafo? Pois,sim. Mas, por Deus, para darwinista, darwinista e meio.

quarta-feira, julho 08, 2015

Grécia - A decadência de Roma, ou da Europa?

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A dimensão da tragédia em que se encontra o povo grego parece ampliar ainda mais o seu desamparo a cada dia cada passa. A crueldade humana, como de constata,  parece não ter limites. No "Colisseum" dos recreios o resto da Europa faz o gesto com o polegar para baixo exigindo a rendição total e a carnificina.

domingo, julho 05, 2015

Yanniiiiiiiiiis!!!!!!!!!

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"A União Europeia é o negócio da Alemanha, pago pela Alemanha e pensado para dar lucro à Alemanha. Os países da União Europeia são meros parceiros de negócios, que, como em qualquer negócio, são dispensados pela parte mais forte quando deixam de ter interesse – diga-se de outra forma, quando deixam, como é aqui o caso, de poder assegurar ao vendedor-exportador o pagamento das suas encomendas. Na verdade, a Alemanha não “ajuda” a Grécia, assim como não “ajudaria” a Espanha ou Portugal. A Alemanha “ajuda-se” a si mesma, suprindo, até ao montante de que lhe convém dispôr, as deficiências de solvência nos mercados que lhe interessa manter: ou como clientes das suas exportações, ou para proteger os créditos já concedidos pela sua própria indústria financeira."

sábado, julho 04, 2015

Darwinschen Demokratie

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Die merkel Dame spielt mit athenischen Demokratie