sexta-feira, janeiro 31, 2014

Persona, ou o candidato catavento

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É  história muito antiga: um actor que se transforma na personagem que representa. E porque representa tão bem, tão bem  que até chega a convencer-se daquela ilegítima identidade - para além do facto não menos delirante de persuadir uma plateia que em todas as sessões, invariavelmente, o aplaude freneticamente, elegendo-o à categoria de estrela. 
Hoje, passados tantos anos do início da sua peregrina carreira, imagina ainda ser Presidente da República - Presidente da República das Bananas, muito provavelmente.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Irreverência

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(...) Quando somos jovens temos a mania de querer mudar o mundo. Mas é mentira. Nós só vamos é envelhecer (...)
" Perguntem ao vento que passa / notícias do meu País / e o vento cala a desgraça / e o vento nada me diz."
Eram às paletes os indignados, e que bem estão hoje instalados, a viver à pala dos absurdos da utopia. Que riqueza, esta natureza (des)humana, que bota tanto fogo fátuo, para cozinhar sempre o mesmo prato. 

- " Diz-me , romeiro, quem és tu ? " - " Ninguém."

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As malfeitorias foram tantas, e um País arruinado, o descrédito dos partidos ( até mesmo daqueles que não tiveram responsabilidade nenhuma no desfecho da situação ) tão acentuado, que das brumas de Alcácer Quibir, finalmente, apareceu El rei, o Desejado. 
Vai ser um festim por essa Europa fora. A primeira praça a cair é a de França.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

As nossas lendas

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Nobre povo, Nação valente e imortal...
Poderia muito bem ser um bilhete postal dos dias de hoje: um País afundado, destruído e corrompido pela máfia do poder, mas ainda assim agarrado atavicamente àquilo que considera ser os seus símbolos identificadores.
Pobre Nação. As lendas não têm culpa, mas o bilhete postal é na verdade confrangedor.

Bullying

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Rindo a bandeiras despregadas e já com os malares a doerem de tanto histriónico exercício, balançavam agora entre a continuação do massacre psicológico ou o reparador correctivo físico. Não conheciam a compaixão. O farrapo humano que se encontrava  à frente deles aterrorizado, tinha caído nas garras da selvática natureza humana. Ou  porque apresentava determinadas características físicas que atraia o sadismo da horda, ou porque se conduzia de maneira diferente e excitava a besta da regeneração , ou apenas porque sim, o que é facto é que aquela figura fragilizada, cercada na sua condição e numa postura de subjugação total estava condenada . A alcateia não desarmava , os lobos não davam descanso e clamavam por mais um sacrifício . Mal a vítima conseguia um momento de alívio e já outra sessão de provocações e de agressões se adivinhava. O Bullying é isto, uma atitude de agressão permanente, quer de ordem física ou psicológica,  perpetrada normalmente por um grupo contra um indivíduo seleccionado.  
Por vezes, e ao contrário do que aconteceu com este puto em Braga, que não resistiu às provações de um bando de energúmenos e se suicidou, ocorre o apocalipse: é quando a vítima já não consegue aguentar mais a violência dos seus torturadores e, num acto de desespero final , para atingir inconscientemente a libertação, se vinga deles com uma carnificina. Depois aqui d'el Rei que é criminoso.

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Reprise - Actualização da mensagem

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Mais um vez " O Real "

Continuamos na senda da Alice à procura da luz que ilumine este caminho de trevas.
(...) No evangelho de Tomé, Jesus afirma que o seu papel durante a vida é ensinar aos discípulos a forma de se manterem afastados da ditadura dos cinco sentidos : "Dar-vos-ei aquilo que os olhos não podem ver, que os ouvidos não podem ouvir,que a mão não pode tocar e o que nunca ocorreu ao espírito do homem."
A tua mente confere sentido ao mundo, porque a única coisa a que não podes sobreviver é ao caos. Sem a mente humana, apenas existiria o caldo quântico, milhares de milhões de impressões sensoriais à deriva; sem ela não conseguirias perceber uma árvore como uma árvore, em lugar de um fantasmagórico enxame zumbente de átomos. É , assim , graças à mente que conseguimos reconhecer o que se encontra codificado no turbilhão cósmico: as formas e a verdade. Verdade que deriva , como dizia William James, do nosso desejo de acreditar, um profundo sentimento que habita a mais longínqua natureza humana .
A realidade que vemos é apenas uma camada do Real Absoluto. O mundo material é pleno de objectos familiares que podemos ver, sentir, tocar, saborear e cheirar. Mas à medida que os objectos se tornam mais pequenos, reduzindo-se ao tamanho de átomos, os nossos sentidos deixam de os perceber. De facto, uma espantosa transformação ocorre para além do átomo - tudo o que é sólido desaparece. Os átomos são compostos por pequenos "pacotes" de energia vibrante ( quantum ) que não tem qualquer solidez, massa ou dimensão, nada que os sentidos possam ver ou tocar - é bastante estranho observar a mão e perceber que ela , na verdade, a um nível mais profundo, é uma vibração invisível que ocorre no vazio. Mesmo à escala do átomo, todos os objectos se mostram como sendo constituídos por 99,999 por cento de espaço vazio. A este nível, a distância que vai do turbilhonante electrão ao núcleo do átomo é maior que a distância da Terra ao Sol. E se quisessemos capturar esse electrão, seria uma tarefa impossível, já que ele se cinde em vibrações eléctricas que piscam constantemente milhões de vezes por segundo. Logo, o Universo é uma miragem quântica, todo ele a piscar milhões de vezes por segundo, como se fosse uma luz intermitente. Não existem estrelas ou galáxias, só campos de energia vibrante que os nossos sentidos, demasiado pobres e lentos, não são capazes de perceber dada a incrível velocidade a que a luz se move.
No reino animal alguns sistemas nervosos são mais rápidos que os nossos, enquanto outros são mais lentos. Por exemplo, os neurónios do caracol captam os sinais do mundo exterior muito devagar; tudo o que demore menos de três segundos não é entendido. Por outras palavras, se o caracol estiver a olhar para uma maçã e eu rapidamente a tirar, o caracol não será capaz de detectar a minha mão. " Verá " a maçã desaparecer diante dos seus próprios olhos. De igual modo, as intermitências do quantum são milhões de vezes mais rápidas do que a visão pode registar, então a nossa mente opera um truque sobre nós ao ver(mos) objectos sólidos que são contínuos em tempo e espaço, tal como um filme nos parece a nós contínuo. Um filme consiste em 24 fotogramas parados a rodar por segundo, com 24 intervalos de escuridão à medida que cada fotograma passa e surge um novo. Mas como a nossa mente não pode abarcar 48 movimentos/paragens por segundo, a ilusão do filme está criada.
Agora elevando tudo isto a muitas potências de dez, estaremos perante o truque do cinema a que chamamos realidade, ou animação auto-induzida da realidade. Nós ( e tudo o resto ) existimos como uma sucessão de fotogramas com um vazio escuro entre eles ; nós ( e tudo o resto ) estamos sempre a ser criados ao longo dos tempos. O Génesis é agora e sempre foi. Quem se encontra por detrás desta criação sem fim ? Qual o poder da mente ou a visão capaz de fazer desaparecer o Universo e voltar a colocá-lo no mesmo sítio numa fracção de segundo?
O poder da criação - qualquer que seja - encontra-se para além da energia, uma força capaz de transformar nuvens de poeira gasosa em estrelas, e possivelmente em ADN. Na terminologia dos físicos, denominamos este nível pré-quântico de virtual ( informação ).
Quando avanças para além de toda a energia, nada existe, há apenas o vazio. A luz perceptível torna-se luz virtual ; o espaço real torna-se espaço virtual; o tempo real torna-se tempo virtual. Neste processo, todas as propriedades desaparecem. A luz deixa de brilhar, o espaço não cobre distâncias, o tempo é eterno. Este é o útero da criação, infinitamente dinâmico e vivo, mas paradoxalmente, irreal.
O Universo é assim um caldo quântico que bombardeia os nossos sentidos com biliões de bits de informação por minuto; e a tua mente, envolvida neste caos esmagador, tem que escolher a resposta adequada a cada momento, descodificando e interpretando tudo, para que tambem tudo possa fazer sentido. ( ... )
Bosão de higgs ou a partícula de Deus
( ... ) Pensem com cuidado sobre isto. Quando me desloco daqui para ali , o meu substrato invisível permanece quieto, porque no nível quântico o campo apenas se agita e vibra - não altera a sua posição de "A" para "B". Eu nasço, envelheço e morro - estes são acontecimentos de relevante significado para o meu corpo e para a minha mente, ainda que a nível quântico nada exista que nasça, envelheça e morra. Nada disto se passa com o velho fotão. Podemos encontrar algumas pistas para este enigma num objecto de uso comum, um aparelho de televisão. Quando observas alguém num ecrã da televisão a caminhar da esquerda para a direita , o teu cérebro regista uma impressão falsa. Nada naquele ecrã , nem um simples electrão, na verdade, se mexeu da esquerda para a direita. Com uma lente de aumentar poderás ver que a única actividade que se desenrola é o piscar da fosforescência na superfície do tubo de raios catódicos. Se a fosforescência "A" se encontra à esquerda da fosforescência "B" esta acende-se, podendo ser medido o tempo que está acesa tal como o tempo que demora a apagar-se. O mesmo acontece quando nos parece que algo está em movimento, quando as luzes de uma árvore de Natal ao acenderem e apagarem nos sugerem que estão a descrever círculos em volta dela. Utilizemos agora o truque connosco próprios. Quando me levanto da cadeira onde estou sentado e caminho pela sala, o meu corpo parece estar em movimento, mas na verdade no nível quântico nada disso está a acontecer. Ao contrário, uma série de partículas virtuais está a piscar para criar a ilusão do movimento. Isto é tão importante que me permito dar mais alguns exemplos. Tomemos uma praia onde as ondas se quebram na areia. Se entrares na água e nela colocares uma rolha de cortiça, os teus sentidos dizem-te que ela será levada para longe pelas ondas - mas isso não sucede. A rolha permanece no mesmo lugar, subindo e descendo ao ritmo das ondas, tal como acontece com a água. É sempre a mesma água que chega até à areia, e não uma outra água trazida de quilómetros de distância. O movimento das ondas ocorre somente ao nível da energia, criando a ilusão de que a água cada vez se aproxima mais da areia. Para um físico quântico, os nossos corpos são somente objectos, como quaisquer outros. Uma bola que é lançada de uma ponta a outra de uma sala não se movimenta, apenas acontece o acender e apagar da sua existência a uma velocidade incrivelmente alta em diferentes localizações , e nós não somos diferentes. Mas aqui chegados o mistério adensa-se. Quando a bola desaparece durante uns milésimos milionésimos de segundo, para reaparecer somente um pouco mais para a direita ou para a esquerda, porque será que se não desintegra? Apesar de tudo, por um momento está absolutamente ausente, e não existe razão para que a sua primitiva forma , tamanho e cor simplesmente não se dissolvam. Os físicos quânticos podem até calcular as razões por que ela não reaparecerá, porque em vez de uma bola lançada na sala não surja de repente um bolo . O que mantém as coisas inteiras? Estamos , portanto, perante uma grande ilusão.(...)

Do ponto de vista da Física, os átomos não precisam de pensar e muito menos de estar vivos.

O que há de mais subversivo nesta espécie de simulacro que se autoproclama de "ser humano", é a sua espantosa e despudorada habilidade para promulgar a sua própria existência. E a sua arrogância vai tão longe quanto o facto de inventar uma realidade que ele sente que o cerca e nela perceber padrões e regularidades que, afinal, são padrões e regularidades de coisa nenhuma. Enfim, de inventar uma memória cujo único fito é o de apenas autenticá-lo, de construir um eu para que o plano seja perfeito. Ou seja, esta máquina virtual que julga produzir e instaurar sentido, ancorada, como se percebe, numa narrativa de devir imaginário, acaba depois por rematar todo este rocambolesco cambalacho ontológico com uma projecção final, da ordem do sagrado e por isso transcendental, para sua eterna glória e salvação.

domingo, janeiro 12, 2014

Uma reeleição irrevogável - Reprise

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(...) Há muito tempo que o inevitável sorriso ou, até, a ocasional gargalhada deram lugar a um ambiente de plateia em soarée de comédia. As pessoas decidiram que aquilo era para rir e, portanto, já tudo lhes serve para descomprimir. E, no entanto, ali à nossa frente está toda uma história de humanidade, de honradez, de palavra dada, de compromisso, de um inflamado defensor de causas. Sempre achei que não há temas sagrados, que  devemos rir de tudo. Mas devemos sempre rir com as pessoas, não das pessoas. E talvez seja por isso que os palhaços sempre me deixaram triste. A figura patética do palhaço faz-me inevitavelmente pensar numa existência infeliz, na falsidade da maquilhagem, na humilhação das violências auto-infligidas, no olhar desolado de quem se esforça e só consegue fazer a plateia rir pelo que é, não pelo que faz ou diz. Entra o palhaço, as pessoas preparam-se para rir. Entra o leão, e há que ter medo. Vem o Bispo, respeito. Entra o sem-abrigo no café , nojo. Chega o patrão, silêncio. Juntam-se os amigos, jactância. Separam-se as famílias, ódio. Revêem-se os casais, desprezo. Aparecem os famosos, curiosidade. Vem a senhora Juíza, compostura. Fala a  doméstica analfabeta, gozo (...) 

domingo, janeiro 05, 2014

Perspectiva

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Diz-se que a mão é firme e que tem um bom sentido de linha e movimento, embora seja incapaz de fazer perspectiva. Tudo o que pinta, fica plano ( será uma caricatura da inabilidade, por certo). 
Obviamente que toda a pintura é plana, todo o desenho é bidimensional. Não tem como. Olhemos para uma folha de papel, por exemplo: tudo o que possamos lá inscrever - desenhar ou pintar, mesmo que em perspectiva - só pode ter comprimento e largura . Aliás, são as únicas dimensões possíveis de representação.Tudo o resto é um jogo de espelhos, é pura ilusão. É através do movimento, do movimento do nosso corpo, especialmente da leitura que a mente vai fazendo através dos olhos em torno dos objectos do real e do jogo permanente da luz e das sombras que acedemos à experiência da perspectiva. 
Experimentemos fixar a cabeça e olhar  apenas em frente sem esboçar qualquer movimento e perceberemos, então, que  tudo aquilo que vemos à nossa frente não passa, afinal, de uma tela bidimensional, como na singela folha de papel onde estão representados desenhos e pinturas, ou como quando assistimos a um filme numa sala de cinema e magicamente mergulhamos no ecrã plano à nossa frente onde se desenrola o filme, como se da realidade se tratasse ( os capacetes da realidade virtual são disso um bom exemplo ). É, pois, à medida que nos vamos movendo e evolucionando no cenário do real, ou seja, à medida que vamos percorrendo cada fracção de movimento e captando dele, dos sucessivos ângulos que ele permite, novos fotogramas, que a mente constrói a noção de perspectiva e fixa a ideia de tridimensionalidade. 

sábado, janeiro 04, 2014

Atavismo

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É imperioso julgar todo um povo por ter cometido a infâmia de se deixar aprisionar na sua impotência e na sua cobardia. É urgente julgar todo um povo por ter cometido um suicídio cívico sem precedentes na história das nações. Enfim, um povo atavicamente medroso e coitado. Por isso, todos os dias quando pela manhã nos levantamos e enfrentamos o espelho para fazer a barba, nós, os portugueses, deveríamos, num acto de contrição e de arrependimento, penitenciar-nos, batendo três vezes com a mão no peito antes de proclamarmos bem alto e com bom som que, afinal, somos todos uns cobardes, apontando vigorosamente para a figura que se encontra do outro lado do espelho. 
Mas não, ao contrário, somos todos uns patéticos heróis, sempre a armar ao pingarelho por dá cá aquela palha, que fazemos e acontecemos, capazes de engolir o mundo. Mas, como diz o novo ditado:" eles falam, falam, falam e não fazem nada." 
Somos assim, não há nada a fazer. Está na massa do nosso sangue, como se costuma dizer.